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São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

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DÉFICIT AMERICANO

A proposta orçamentária apresentada pelo presidente dos EUA, George W. Bush, prevê déficits fiscais acima de US$ 300 bilhões em 2003 e 2004, em torno de 3% do PIB. Essas projeções de déficits não incluem os custos de uma possível guerra contra o Iraque, estimados em US$ 61 bilhões, mas tratados em orçamento complementar.
O Orçamento proposto expande os gastos militares e com segurança interna. Um claro reflexo dos atentados terroristas de 11 de setembro e o receio de novos ataques em território americano, diante da ameaça de ação militar no Oriente Médio. Além disso, solicita ao Congresso, de maioria republicana, o corte de gastos em habitação, saúde pública, desenvolvimento urbano e meio ambiente. Trata-se, portanto, de uma proposta orçamentária bastante republicana: aumento de gastos militares e redução de gastos sociais.
Felizmente, a proposta desencadeia longos debates políticos no Congresso. Democratas e republicanos moderados já sinalizaram que várias iniciativas do governo teriam poucas chances de aprovação em sua forma original. Particularmente aquelas que cortam impostos sobre os dividendos das corporações e reformam o sistema de assistência médica aos idosos.
O governo parece empenhado em combater o terrorismo e estimular a economia. Contudo o aumento nos gastos públicos proposto pode não gerar crescimento, além de deteriorar os mecanismos de assistência social do país. A redução de impostos sobre dividendos, se aprovada, terá efeito marginal sobre os negócios. Mas a situação financeira dos Estados pode se agravar, dado que os reforços na segurança interna deverão recair sobre os cofres estaduais. Nessas circunstâncias, os governadores poderão elevar os impostos, uma medida claramente recessiva.
Ademais o presidente Bush parece ignorar os efeitos deletérios da guerra: alta persistente do petróleo, queda renitente das cotações das Bolsas de Valores; abalo na confiança dos consumidores e das corporações.


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