|
Próximo Texto | Índice
REFORMA FISIOLÓGICA
A reforma ministerial a ser
anunciada pelo Planalto não
deverá passar de uma operação política de caráter fisiológico com o objetivo de remover em parte as dificuldades que o Executivo tem enfrentado no Congresso Nacional.
Com os resultados das eleições
municipais do ano passado, que redefiniram as posições relativas das
diversas forças políticas e inauguraram a temporada pré-eleitoral com
vistas ao pleito de 2006, já se previa
que o governo federal iria encontrar
novos obstáculos para contar com
uma base de apoio no Legislativo.
As derrotas sofridas pelo PT, em
especial em centros como São Paulo
e Porto Alegre, enfraqueceram o Planalto e deixaram claro que seria mais
alto o preço a ser pago nas negociações para assegurar a maioria. O que
não se antecipava é que o quadro se
tornaria ainda mais complicado com
a frustrada tentativa do PT de eleger
seu candidato para a presidência da
Câmara dos Deputados.
O triunfo do deputado Severino Cavalcanti reforçou a percepção de que
o Executivo nessa nova fase terá de se
submeter com renovado pragmatismo às demandas fisiológicas dos
partidos e parlamentares. O PP de
Severino, que aspirava apenas a um
pequeno ministério, agora exige
uma pasta mais expressiva -exigência que tornou mais complexa a prometida troca de ministros.
Além disso, o episódio da eleição
do novo presidente da Câmara evidenciou que o caráter gelatinoso do
sistema partidário vai chegando ao
paroxismo, com destaque para o
PMDB, esse disforme condomínio
de grupos e facções que se bandeiam
para este ou aquele lado ao sabor das
melhores ofertas e conveniências.
É nesse cenário que se inscreve a reforma ministerial -e é a ele que se
moldará. Não que o ministério de
Lula devesse permanecer como está,
pois a incompetência e a apatia são
flagrantes em muitas pastas. É evidente, porém, nessas circunstâncias,
que as perspectivas de a reforma representar avanços no planejamento e
implementação de políticas públicas
são praticamente nulas.
Próximo Texto: Editoriais: CRISE BOLIVIANA Índice
|