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CLÓVIS ROSSI
As armas e o "problema"
WASHINGTON- Robert D. Novak, colunista do jornal "The Washington
Post", reproduz, em texto publicado
ontem, declaração de um funcionário do Departamento de Estado que
ele não identifica:
"Se terminarmos esta guerra sem
encontrarmos armas de destruição
em massa, estaremos com problemas
internacionalmente".
É verdade, mas não é toda a verdade nem é a pior parte da verdade: a
credibilidade do governo George W.
Bush foi tão abalada (fora dos Estados Unidos, é óbvio) que, mesmo que
diga ter encontrado as tais armas,
muita gente vai achar que os EUA
"plantaram-nas", como maus policiais fazem para produzir flagrante
de porte de entorpecentes ou de alguma outra violação da lei.
O próprio Novak já antecipa que o
Iraque de Saddam Hussein "claramente não está perto de desenvolver
capacidade nuclear ou de transformar em armamento equipamentos
biológicos. Restam armas químicas,
que poucos peritos militares colocam
na categoria de armas de destruição
em massa".
Vistas as coisas de outra maneira: a
maior democracia do mundo está
disputando um torneio de mentiras
com um dos mais hediondos ditadores do planeta, e corre o risco de perdê-lo, na visão não de um estrangeiro, de um anti-americano ou de um
comunista, mas na de um colunista
de um dos principais jornais do país.
Novak acha que está em jogo, com
a questão das armas de destruição
em massa, as "fraturadas relações internacionais dos Estados Unidos".
É possível, mas esse não parece ser
um ponto que preocupe a atual administração. Se preocupasse, teria
dado mais tempo para a diplomacia,
até porque se está vendo, pelo desenrolar da guerra até agora, que o
"perigo para o mundo" que Bush viu
em Saddam Hussein não consegue
nem mesmo defender a sua própria
capital. O que dirá ameaçar de verdade o mundo.
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