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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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CLÓVIS ROSSI

As armas e o "problema"

WASHINGTON- Robert D. Novak, colunista do jornal "The Washington Post", reproduz, em texto publicado ontem, declaração de um funcionário do Departamento de Estado que ele não identifica:
"Se terminarmos esta guerra sem encontrarmos armas de destruição em massa, estaremos com problemas internacionalmente".
É verdade, mas não é toda a verdade nem é a pior parte da verdade: a credibilidade do governo George W. Bush foi tão abalada (fora dos Estados Unidos, é óbvio) que, mesmo que diga ter encontrado as tais armas, muita gente vai achar que os EUA "plantaram-nas", como maus policiais fazem para produzir flagrante de porte de entorpecentes ou de alguma outra violação da lei.
O próprio Novak já antecipa que o Iraque de Saddam Hussein "claramente não está perto de desenvolver capacidade nuclear ou de transformar em armamento equipamentos biológicos. Restam armas químicas, que poucos peritos militares colocam na categoria de armas de destruição em massa".
Vistas as coisas de outra maneira: a maior democracia do mundo está disputando um torneio de mentiras com um dos mais hediondos ditadores do planeta, e corre o risco de perdê-lo, na visão não de um estrangeiro, de um anti-americano ou de um comunista, mas na de um colunista de um dos principais jornais do país.
Novak acha que está em jogo, com a questão das armas de destruição em massa, as "fraturadas relações internacionais dos Estados Unidos".
É possível, mas esse não parece ser um ponto que preocupe a atual administração. Se preocupasse, teria dado mais tempo para a diplomacia, até porque se está vendo, pelo desenrolar da guerra até agora, que o "perigo para o mundo" que Bush viu em Saddam Hussein não consegue nem mesmo defender a sua própria capital. O que dirá ameaçar de verdade o mundo.


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