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RISCOS À VISTA
Relatório do FMI divulgado
anteontem alerta para a perspectiva de que a liquidez internacional reflua em futuro próximo. Como
se sabe, as baixas taxas de juros nas
principais economias, especialmente nos EUA, têm estimulado fluxos
financeiros para mercados emergentes. Essa situação favoreceu o ajuste
monetário do Brasil em 2003, contribuindo para o recuo da cotação do
dólar e a queda do risco-país.
A depender, porém, da evolução da
economia norte-americana, o aumento da taxa básica de juros dos
EUA, atualmente em 1% ao ano, poderá começar a ocorrer ainda neste
2004. E juros mais altos na maior
economia do mundo tornariam menos atraentes as opções de investimento de maior risco, como são os
títulos da dívida brasileira.
Embora todos concordem que haverá impactos no caso de uma alta
dos juros nos EUA, as avaliações sobre sua intensidade não são coincidentes. Alguns analistas crêem que o
conservadorismo da política monetária brasileira possa ser em parte explicado, neste momento, por uma
atitude preventiva em relação às incertezas internacionais. O BC tenderia a manter os juros acima do necessário para minimizar os possíveis
efeitos de uma turbulência externa.
O elevado superávit comercial (estimado em US$ 24,2 bilhões para este
ano) e um estoque não tão elevado de
capitais de curto prazo no país seriam fatores que reduziriam as chances de uma grave crise cambial no caso de uma redução moderada dos
fluxos de capitais internacionais.
Há, porém, os que temem pelo
pior: uma sinalização de alta dos juros nos EUA geraria desconfianças e
movimentos especulativos intensos.
O resultado desse processo poderia
ser mais uma crise externa, com os já
conhecidos reflexos perversos sobre
o câmbio e a inflação.
Em qualquer hipótese, o fato é que
a vulnerabilidade da economia brasileira ainda inspira cuidados. Se houve avanços notáveis no saldo comercial, o mesmo não se pode dizer a
respeito da recomposição das reservas em divisas internacionais -algo
que o governo iniciou tardiamente e
há dois meses interrompeu.
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