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JORNADA DE ABUSOS
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
vem intensificando suas ações dentro da "jornada de luta" para relembrar, no dia 17, as mortes de 19 trabalhadores em Eldorado do Carajás
(PA), ocorridas em 1996. Já se aproxima de meia centena o número de
propriedades invadidas desde o último dia 10 de março.
Essa verdadeira jornada de abusos
nada mais é do que uma nova rodada
de desafio à ordem legal, na qual a liderança do MST prossegue instrumentalizando massas miseráveis
com propósitos meramente políticos. Sempre hesitante quando se trata de fazer valer a lei contra os invasores, a administração petista tentou,
sem sucesso, conter seus companheiros do campo acenando com recursos suplementares de R$ 1,7 bilhão. Segundo informa a área de comunicação do Planalto, a liberação
dessa verba "garantiu o cumprimento da meta de assentar 115 mil famílias em 2004". A manter-se, no entanto, o ritmo de assentamentos do
primeiro trimestre (11.093 famílias),
o ano terminará sem que metade do
compromisso seja cumprido.
Mesmo que o objetivo venha a ser
alcançado, apenas assentar famílias
não resolve a questão, que é propiciar renda e trabalho para a população rural despossuída e carente.
Das cerca de 500 mil famílias assentadas entre 1995 e 2002, mais da
metade nem sequer recebe algum tipo de assistência técnica. A quase totalidade não conta com abastecimento de água e cerca de 80% não
têm acesso a energia elétrica e estradas. Algo assim, definitivamente,
não pode ser chamado de reforma
agrária. É certo que esses problemas
são anteriores à atual gestão, mas
permanecem em cena, sem que nada
de substancial tenha mudado.
O governo fala, corretamente, em
associativismo, no uso das características regionais de cada assentamento e em apoio à produção e comercialização. Assim como garante
que fará cumprir a lei. Falta, porém,
transformar a retórica em fatos.
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