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JUROS E RISCOS
O banco central americano
(Fed) manteve a taxa de juros
básica em 1,25% ao ano em sua última reunião e alertou para os riscos
de uma deflação de preços.
A inflação, medida pelo núcleo do
índice de preços ao consumidor dos
EUA, foi nula em março e de apenas
0,1% em cada um dos dois meses anteriores. Os bens duráveis de consumo e os equipamentos de informática já há quatro anos apresentam deflação. A pressão de baixa nos preços, resultante da queda na demanda
e do excesso de capacidade produtiva, leva à contração das margens de
lucro das empresas e à diminuição
dos investimentos.
A despeito da redução das incertezas com o fim do conflito armado no
Iraque, a queda no preço do barril de
petróleo e a melhora nas cotações
das ações, persiste a fragilidade da
economia americana, especialmente
no mercado de trabalho e na produção industrial. A confiança dos empresários continua deprimida.
As frágeis perspectivas da economia americana e as baixas taxas de
juros estão fomentando uma realocação dos capitais globais. Em 2002,
os investidores estrangeiros diminuíram suas aplicações nos EUA em
US$ 122 bilhões. A Europa, mas também alguns países emergentes como
a Argentina e o Brasil, tem recebido
parte desse fluxo de capitais. A moeda americana está apresentando forte desvalorização. Apenas durante o
ano de 2003, o dólar já perdeu 8% do
seu valor em relação ao euro.
A ameaça de uma fuga de capitais
dos EUA, a fraqueza da economia e o
baixo nível da taxa de juros básica limitam a capacidade do Fed de reverter uma possível espiral deflacionária. Além disso, a redução de impostos promovida pelo governo Bush
não parece ampliar o padrão de consumo, pois privilegia as classes mais
favorecidas. Assim, paira sobre a
economia americana o risco de uma
situação semelhante à do Japão, que
combina um longo período de deflação com estagnação econômica. Esse seria um cenário catastrófico para
a economia mundial.
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