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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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JUROS E RISCOS

O banco central americano (Fed) manteve a taxa de juros básica em 1,25% ao ano em sua última reunião e alertou para os riscos de uma deflação de preços.
A inflação, medida pelo núcleo do índice de preços ao consumidor dos EUA, foi nula em março e de apenas 0,1% em cada um dos dois meses anteriores. Os bens duráveis de consumo e os equipamentos de informática já há quatro anos apresentam deflação. A pressão de baixa nos preços, resultante da queda na demanda e do excesso de capacidade produtiva, leva à contração das margens de lucro das empresas e à diminuição dos investimentos.
A despeito da redução das incertezas com o fim do conflito armado no Iraque, a queda no preço do barril de petróleo e a melhora nas cotações das ações, persiste a fragilidade da economia americana, especialmente no mercado de trabalho e na produção industrial. A confiança dos empresários continua deprimida.
As frágeis perspectivas da economia americana e as baixas taxas de juros estão fomentando uma realocação dos capitais globais. Em 2002, os investidores estrangeiros diminuíram suas aplicações nos EUA em US$ 122 bilhões. A Europa, mas também alguns países emergentes como a Argentina e o Brasil, tem recebido parte desse fluxo de capitais. A moeda americana está apresentando forte desvalorização. Apenas durante o ano de 2003, o dólar já perdeu 8% do seu valor em relação ao euro.
A ameaça de uma fuga de capitais dos EUA, a fraqueza da economia e o baixo nível da taxa de juros básica limitam a capacidade do Fed de reverter uma possível espiral deflacionária. Além disso, a redução de impostos promovida pelo governo Bush não parece ampliar o padrão de consumo, pois privilegia as classes mais favorecidas. Assim, paira sobre a economia americana o risco de uma situação semelhante à do Japão, que combina um longo período de deflação com estagnação econômica. Esse seria um cenário catastrófico para a economia mundial.


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