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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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UM NEGRO NO STF

A indicação do procurador da República Joaquim Benedito Barbosa Gomes para ministro do Supremo Tribunal Federal representa um marco na história do movimento negro do Brasil. Além de ser ele próprio negro, Gomes tem trabalhos sobre o princípio da ação afirmativa contra o racismo. No início do século 20, dois mulatos já haviam ocupado uma cadeira no Supremo.
A designação do procurador ainda precisa ser aprovada pelo Senado, após sabatina pela Comissão de Constituição e Justiça, mas dificilmente haverá problemas. A tradição da Casa é a de ratificar os nomes propostos pelo presidente da República.
No quesito minorias, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva tem se saído bem, a começar pela representação de mulheres e negros em ministérios, que é maior do que a dos presidentes que o antecederam. Mais do que isso, Lula criou a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
O militante radical da causa feminista ou negra poderia queixar-se de que a representação feminina ainda está muito aquém dos 50% (que é mais ou menos a proporção de mulheres na população) e de que a dos negros/pardos ainda é bastante inferior aos 46% aferidos pelos IBGE. A queixa procede, mas a situação de discriminação na sociedade é, lamentavelmente, muito pior.
Segundo dados do IBGE de 2000, os salários recebidos por negros são, em média, a metade dos pagos aos brancos. Algo semelhante ocorre com as mulheres, cujos vencimentos médios representam 61% daqueles percebidos por homens.
A indicação de um negro para ocupar uma das 11 cadeiras de ministro do STF e a nomeação de vários ministros que representam grupos discriminados não têm, infelizmente, o dom de acabar com o preconceito, que ainda é grande na sociedade brasileira. São, contudo, importantes gestos simbólicos. O exemplo tem de vir de cima.


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