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UM NEGRO NO STF
A indicação do procurador da
República Joaquim Benedito
Barbosa Gomes para ministro do
Supremo Tribunal Federal representa um marco na história do movimento negro do Brasil. Além de ser
ele próprio negro, Gomes tem trabalhos sobre o princípio da ação afirmativa contra o racismo. No início
do século 20, dois mulatos já haviam
ocupado uma cadeira no Supremo.
A designação do procurador ainda
precisa ser aprovada pelo Senado,
após sabatina pela Comissão de
Constituição e Justiça, mas dificilmente haverá problemas. A tradição
da Casa é a de ratificar os nomes propostos pelo presidente da República.
No quesito minorias, a gestão de
Luiz Inácio Lula da Silva tem se saído
bem, a começar pela representação
de mulheres e negros em ministérios, que é maior do que a dos presidentes que o antecederam. Mais do
que isso, Lula criou a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e
a Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial.
O militante radical da causa feminista ou negra poderia queixar-se de
que a representação feminina ainda
está muito aquém dos 50% (que é
mais ou menos a proporção de mulheres na população) e de que a dos
negros/pardos ainda é bastante inferior aos 46% aferidos pelos IBGE. A
queixa procede, mas a situação de
discriminação na sociedade é, lamentavelmente, muito pior.
Segundo dados do IBGE de 2000,
os salários recebidos por negros são,
em média, a metade dos pagos aos
brancos. Algo semelhante ocorre
com as mulheres, cujos vencimentos
médios representam 61% daqueles
percebidos por homens.
A indicação de um negro para ocupar uma das 11 cadeiras de ministro
do STF e a nomeação de vários ministros que representam grupos discriminados não têm, infelizmente, o
dom de acabar com o preconceito,
que ainda é grande na sociedade brasileira. São, contudo, importantes
gestos simbólicos. O exemplo tem
de vir de cima.
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