De 6 a 9 de maio de 2004, será realizada em Brasília a "Quarta Semana Social Brasileira" (4ª SSB). As "Semanas Sociais" precedentes muito contribuíram para promover a compreensão mais abrangente da realidade, os desafios suscitados e as alternativas viáveis.
As "Semanas Sociais" foram lançadas pelo Setor Pastoral Social da CNBB -que hoje corresponde à Comissão para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz"- em ampla parceria com o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic), com entidades sindicais e estudantis, com movimentos e associações populares e com inúmeros grupos comprometidos com as transformações necessárias à sociedade. Na perspectiva religiosa e eclesial, trata-se de cumprir a missão profética da Igreja e, em especial, a opção evangélica pelos pobres, com o empenho para superar a exclusão social e alcançar um nível de vida digna de filhos de Deus.
As semanas anteriores constituíram um amplo processo de reflexão, envolvendo os mais diferentes atores sociais, visando discernir e construir caminhos alternativos ao modelo neoliberal que assegure a dignidade de cada pessoa humana.
A 1ª Semana Social, em Brasília, de 3 a 8/11/1991, ao comemorar o centenário da encíclica do Papa Leão 13 "Rerum Novarum", aplicou-se a refletir sobre o "Mundo do Trabalho" e o problema do crescente desemprego.
A 2ª SSB realizou-se no decorrer de 1993, concentrou suas atividades, de 24 a 29/6/1994, em Luziânia (DF), e teve como tema "Brasil: alternativas e protagonistas", com a proposta popular "O Brasil que a gente quer: economicamente justo, politicamente democrático, socialmente eqüitativo e solidário e culturalmente plural".
A 3ª SSB coincidiu com a preparação do Grande Jubileu de 2000 anos de cristianismo e prolongou-se por três anos (1997 a 1999) com a importante temática "Resgate das Dívidas Sociais: justiça e solidariedade na construção de nova sociedade democrática". A metodologia progrediu, incluindo a realização de 180 semanas regionais, diocesanas e municipais, com a adesão cada vez maior de entidades religiosas e da sociedade civil e com a participação de cerca de 25 mil pessoas. O "Simpósio" (julho 1998) e o tribunal da dívida externa mostraram a injustiça do endividamento e a gravidade dos efeitos negativos para a qualidade de vida do povo.
No ano 2000, convocou-se o plebiscito sobre a dívida externa, que mobilizou 6 milhões de pessoas. Cerca de 95% dos votantes manifestaram-se contra os acordos com o FMI e contra o pagamento de juros, requerendo uma auditoria pública. Em setembro de 2002, o Plebiscito sobre a Alca atingiu 10 milhões de votantes.
Inaugura-se, agora, o seminário de abertura da 4ª SSB. Hoje, estão reunidos em Brasília os representantes que irão, por três anos, coordenar as reflexões e os debates em todo o território nacional sobre o tema "Articulação das Forças Sociais para a Construção do Brasil que Queremos". Surge assim o "Mutirão por um Novo Brasil". Diante da premência de soluções para a situação difícil do país, a vontade da Igreja é de colaborar e de unir-se às forças vivas da sociedade. O importante é a prioridade dos critérios éticos, dando sempre precedência à dignidade da vida humana que deve orientar a organização econômica e as políticas públicas, Após o seminário, o programa se estenderá de 2004 a 2006, com centenas de encontros, convergindo para a busca conjunta de soluções viáveis para nosso país. É hora de somar esforços, de confiar em Deus e de manter firme a solidariedade e a esperança.
Proteja-nos a Padroeira do Brasil!