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Faroeste na fronteira
A ABSOLVIÇÃO do fazendeiro
Vitalmiro Bastos de Moura da acusação de envolvimento no assassinato da missionária americana Dorothy Stang
constitui decisão soberana do
Tribunal do Júri de Belém. Não
cabe falar, propriamente, em impunidade, pois há dois outros
condenados pelo assassínio.
Inexiste dúvida, porém, quanto ao dano, para o já débil império da lei na Amazônia, infligido
pela incapacidade do Estado de
responsabilizar mandantes. Sua
inoperância frustra amiúde a expectativa de justiça e de que a ordem seja garantida na fronteira
dos conflitos fundiários -como
se pode verificar na disputa que
ora se desenrola em Roraima.
A Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, cujo processo de identificação, demarcação e homologação terminou em 2005, foi palco de novos atos de violência. Há
um mês, fazendeiros estabelecidos em áreas indígenas já haviam
resistido à desocupação pela Polícia Federal (PF) com atentados
e queima de pontes.
O Supremo Tribunal Federal
(STF), com prudência, concedeu
liminar sustando a retirada. Não
se pronunciou ainda, todavia, sobre o mérito da homologação da
reserva em forma contínua.
Cem índios invadiram a flechadas, segundo alega o líder dos
fazendeiros, Paulo César Quartiero, sua área de posse (o que
constituiria franca desobediência ao STF). Foram rechaçados a
bala, restando dez indígenas feridos. Como a PF chegou ao local
após o incidente, não há terceira
versão. Após busca e apreensão
autorizada pelo STF, Quartiero e
dez funcionários foram presos.
O próprio governador José de
Anchieta Júnior (PSDB) toma
partido, tratando índios por "terroristas" e defendendo quem há
pouco queimava pontes. Compete à PF e à Força Nacional de Segurança, portanto, a tarefa de
conter a tendência ao faroeste no
Estado e devolver-lhe o mínimo
de lei e ordem.
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