São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2004

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60 ANOS DEPOIS

A cerimônia que rememorou o desembarque das forças aliadas na Normandia, ocorrido há 60 anos, ocupou ontem as primeiras páginas da imprensa mundial e serviu para ressaltar a profunda mudança por que tem passado a Europa nos últimos tempos.
O continente conflagrado por duas grandes guerras, posteriormente dividido em áreas de influência dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, conseguiu reerguer-se e encontrar um destino de cooperação para muitos impensável algumas décadas atrás. Que a França e a Alemanha tenham se reunido para liderar a União Européia é um exemplo notável de como o continente tem superado suas diferenças para construir os alicerces de uma nova era.
O projeto da UE certamente não seria possível sem o impulso inicial dos programas de recuperação e de segurança patrocinados pelos EUA no pós-Guerra. Isso não retira do empreendimento, no entanto, sua extrema complexidade -que tem exigido de seus artífices um extraordinário esforço de engenharia política e econômica. Aplainar as diferenças regionais, consolidar procedimentos uniformes, implantar uma moeda única, nada disso se faz sem liderança, empenho e firmes compromissos entre os envolvidas.
A UE recentemente recebeu a adesão de dez novos Estados e estendeu sua presença às regiões outrora fechadas pela "cortina de ferro" -expressão celebrizada pelo premiê britânico Winston Churchill em 1945. Essa nova configuração cria uma área econômica com PIB que rivaliza com o dos EUA e uma população de cerca de 450 milhões de habitantes.
Há ainda passos a serem dados, como a aprovação de uma Carta comum e a criação de condições para a definição de uma política externa unificada, capaz de traduzir no cenário global a grandeza geopolítica e econômica do bloco. Pelo que já realizou, porém, não se pode duvidar de que a Europa reúna as condições para superar mais esses desafios.


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