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O REMÉDIO DO MARKETING
O programa Farmácia Popular, lançado ontem pelo governo federal, cria uma rede de comercialização de medicamentos a preços
abaixo dos de mercado. A idéia, num
país com as carências do Brasil, vem
revestida de uma sensibilidade social
bastante atraente, especialmente para o marketing político do Planalto.
O problema é que programas desse
tipo já existem, com a vantagem de
que os fármacos são oferecidos gratuitamente. O atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) contempla
a assistência farmacêutica básica,
além de medicamentos de alto custo
e aqueles ligados a programas específicos, como os de combate a diabetes, Aids e hipertensão. Novos esforços deveriam ser feitos para aperfeiçoar esse mecanismo universal e não
para desrespeitá-lo e criar uma rede
estatal de farmácias.
No ano passado, o Ministério da
Saúde gastou cerca de R$ 174 milhões em apoio aos municípios para
assistência farmacêutica básica. Segundo informa o governo, o Farmácia Popular conta neste ano com um
orçamento de R$ 330 milhões, recursos que poderiam estar sendo canalizados para melhorar o atendimento
na rede pública de saúde, onde iria ao
encontro dos mais necessitados. Como concebido, o programa irá gerar
custos de transporte, instalação e
manutenção, e provavelmente atrairá
uma demanda concorrente de classe
média -o que não é um mal em si,
mas um desvio de foco.
A explicação para a irracionalidade
parece simples: o Farmácia Popular
terá visibilidade -e justamente
quando se inaugura um estratégico
período eleitoral. Não deixa de ser
sintomático que São Paulo vá receber
dez dessas unidades na primeira fase
do programa, contra cinco que serão
instaladas em Salvador, uma em
Goiânia e uma no Rio de Janeiro.
O projeto nasceu como mais um
desses "efeitos especiais" populistas
criados pela publicidade eleitoral para rechear a campanha do candidato
Luiz Inácio Lula da Silva de conteúdo
social. E não passa disso.
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