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Vai "pegar"?
Na semana passada, o ministro
Gilmar Mendes, do STF (Supremo
Tribunal Federal), concedeu a primeira liminar contra a Lei da Ficha Limpa, aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente da República em junho. A
decisão garante ao senador Heráclito Fortes (DEM-PI) o direito de
disputar a reeleição em outubro,
apesar de ter sido condenado por
um órgão colegiado por conduta
lesiva ao patrimônio público.
Depois de Mendes, o ministro
José Antonio Dias Toffoli, também
do STF, concedeu outra liminar
que dá a uma deputada estadual
de Goiás o direito de se candidatar. As duas decisões produziram
frustrações e dúvidas sobre o alcance e os efeitos reais da lei.
Destaque-se, porém, que o ministro Carlos Ayres Britto, no exercício da presidência do STF, negou três liminares a pré-candidatos que procuravam contornar a
sua inelegibilidade. O mesmo
ocorreu quando o presidente do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral),
Ricardo Lewandowski, negou outras sete liminares a políticos de
Minas, do Paraná e do DF.
Diante dessas decisões, a sociedade tem dificuldade de entender
o que será feito, na prática, da Ficha Limpa. Sua aprovação criou
entre a opinião pública a expectativa de um divisor de águas no
processo político-eleitoral.
É cedo, no entanto, para saber
se isso irá se concretizar. E seria,
de resto, gravíssimo se políticos
atingidos pela lei não tivessem
meios para recorrer de sua inelegibilidade. O TSE terá até o dia 19 de
agosto para examinar todos os registros de candidaturas. Aqueles
que tiverem seus pedidos negados
poderão, ainda, recorrer ao STF, a
quem cabe a palavra final. Isso deve arrastar até setembro, pelo menos, a indefinição a respeito dos
casos polêmicos.
É de esperar que os tribunais
ajudem a suprimir as dúvidas e as
ambiguidades que cercam a lei.
Caso contrário, ficará a sensação,
brasileiríssima, de que o diploma
simplesmente "não pegou".
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