São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2010

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VALDO CRUZ

Mau começo

BRASÍLIA - Em ano de eleição, a pesquisa do Ministério da Educação indicando que o ensino brasileiro melhorou, mas num ritmo ainda insatisfatório, deveria se tornar tema obrigatório dos candidatos para repensar o setor.
Área vital para o desenvolvimento de qualquer país, a educação deveria merecer uma reforma profunda para que pudéssemos seguir o caminho de países como a Coreia do Sul -que já teve índices sociais piores do que os nossos e hoje está na nossa frente.
Não sou especialista na área, mas algo me intriga. Hoje, quem deseja garantir aos filhos um excelente ensino médio e fundamental banca colégios caros espalhados pelo país. Depois, conta que entrem na universidade pública.
Em outras palavras, quando o brasileiro está no início de sua carreira profissional, ganha menos e precisa, por exemplo, comprar sua casa própria, tem gastos elevados com a educação dos filhos. Depois, quando já está mais estabilizado financeiramente, não precisa pagar a universidade deles.
O ideal não seria exatamente o contrário? Investir pesadamente no ensino fundamental e médio para que o brasileiro pudesse ter um início de vida profissional mais tranquilo. Ele poderia, por exemplo, programar uma poupança para bancar a universidade de seu filho no futuro sem pesar em demasia no seu orçamento.
Claro que não é possível fazer uma mudança de modelo sem uma transição. Mas por que não iniciá-la? Por que não inverter a ordem das prioridades da educação nacional? Por que continuar investindo seis vezes mais no ensino superior do que nos demais?
Perguntas que Serra e Dilma deveriam enfrentar na eleição. Só que, do jeito que trataram seus programas de governo, não estão nem aí para um debate mais profundo. Afinal, a petista assinou o seu sem o ler. E o tucano mandou pegar dois discursos na gaveta. Começamos mal o que já havia começado.


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