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VALDO CRUZ
Mau começo
BRASÍLIA - Em ano de eleição, a
pesquisa do Ministério da Educação indicando que o ensino brasileiro melhorou, mas num ritmo ainda insatisfatório, deveria se tornar
tema obrigatório dos candidatos
para repensar o setor.
Área vital para o desenvolvimento de qualquer país, a educação deveria merecer uma reforma profunda para que pudéssemos seguir o
caminho de países como a Coreia
do Sul -que já teve índices sociais
piores do que os nossos e hoje está
na nossa frente.
Não sou especialista na área,
mas algo me intriga. Hoje, quem
deseja garantir aos filhos um excelente ensino médio e fundamental
banca colégios caros espalhados
pelo país. Depois, conta que entrem
na universidade pública.
Em outras palavras, quando o
brasileiro está no início de sua carreira profissional, ganha menos e
precisa, por exemplo, comprar sua
casa própria, tem gastos elevados
com a educação dos filhos. Depois,
quando já está mais estabilizado financeiramente, não precisa pagar
a universidade deles.
O ideal não seria exatamente o
contrário? Investir pesadamente no
ensino fundamental e médio para
que o brasileiro pudesse ter um início de vida profissional mais tranquilo. Ele poderia, por exemplo,
programar uma poupança para
bancar a universidade de seu filho
no futuro sem pesar em demasia no
seu orçamento.
Claro que não é possível fazer
uma mudança de modelo sem uma
transição. Mas por que não iniciá-la? Por que não inverter a ordem
das prioridades da educação nacional? Por que continuar investindo
seis vezes mais no ensino superior
do que nos demais?
Perguntas que Serra e Dilma deveriam enfrentar na eleição. Só
que, do jeito que trataram seus programas de governo, não estão nem
aí para um debate mais profundo.
Afinal, a petista assinou o seu sem o
ler. E o tucano mandou pegar dois
discursos na gaveta. Começamos
mal o que já havia começado.
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