São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Uma excelente oportunidade

Por incrível que pareça, a disparada dos preços do petróleo, associada à eliminação dos subsídios ao açúcar de beterraba na União Européia, abriu largas portas de oportunidade para a agricultura do Brasil e de São Paulo.
No que tange ao petróleo, tudo indica que os produtores estão batendo na sua capacidade máxima, pelo menos no curto prazo.
Não há dúvida de que o mundo terá de partir para fontes alternativas de energia, e o álcool é uma delas, graças à sua flexibilidade e mobilidade de uso. O Brasil saiu na frente e desenvolveu tecnologias que permitem a utilização direta do álcool em motores a combustão. Do lado agrícola, houve grandes avanços na qualidade e na produtividade dessa preciosa matéria-prima que é a cana-de-açúcar.
Não é à toa que o Brasil é o único país que tem motores inteiramente propelidos a álcool. Nos demais países, quando muito o álcool é adicionado à gasolina.
No que tange ao açúcar, finalmente a União Européia terá, daqui para a frente, uma conduta consistente com os princípios que prega a respeito do livre comércio, por força de uma decisão da OMC. O açúcar de beterraba produzido na Europa custa, em média, cinco vezes mais do que o açúcar de cana produzido no Brasil, além de ter um poder de adoçar menor. Foi um bom presente para os consumidores da União Européia, que, aliás, já estavam a merecê-lo há muito tempo.
É verdade que essa decisão comporta recurso e que muita burocracia terá de ser vencida para chegarmos à eliminação efetiva da exagerada taxação.
Não se pode comemorar a vitória de uma guerra contra os subsídios, pois muitos outros produtos permanecem subsidiados ou classificados como "sensíveis" e sujeitos a sobretaxas e cotas. Mas, sem dúvida, foi a vitória de uma importante batalha, a exemplo do que ocorreu com o algodão e o aço recentemente.
Tudo isso abre possibilidades de alavancarmos ainda mais os negócios da agropecuária, em especial da cana-de-açúcar. O Brasil poderá ser um dos maiores beneficiados com essa conjugação de fatores. Afinal, poucos são os países que dispõem em abundância de tanta terra, sol e água -além de um povo disciplinado no trabalho. Isso vai permitir uma elevação substancial do superávit comercial e um aumento do nível de emprego direto e indireto.
Dentro do Brasil, o Estado de São Paulo será particularmente aquinhoado com os aumentos de divisas e de empregos, pois, sozinho, responde por cerca de 70% da produção de cana-de-açúcar, álcool e açúcar refinado -e apresenta os níveis mais altos de produtividade e eficiência do país.
Essa é a grande vantagem de possuirmos os bens de Deus na forma de recursos naturais abundantes. Precisamos apenas que os seres humanos os utilizem com racionalidade, aproveitando-se com juízo do presente divino.


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.



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