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VALDO CRUZ
Encrenca demais
BRASÍLIA - O governo de Luiz Inácio Lula da Silva prometeu, mas não vai
cumprir: a reforma trabalhista não
será mais enviada ao Congresso neste
ano. Descobriram que as reformas
tributária e da Previdência já são encrenca demais para este ano.
A nova promessa, ainda não verbalizada oficialmente, é que ela será enviada no próximo ano, de forma negociada com empresários e trabalhadores. Também não será cumprida.
Motivo: não haverá clima político
em 2004 para discutir temas como redução da jornada de trabalho, fim do
imposto sindical, mudanças no FGTS
e flexibilização de direitos trabalhistas como férias e 13º salário.
Afinal, será ano de eleição municipal. Debater temas polêmicos como
os acima listados seria o mesmo que
dar munição à oposição para tachar
os petistas de inimigos dos trabalhadores. Pode pegar, pode não pegar.
Mas, com certeza, os petistas não vão
querer correr esse risco.
A reforma trabalhista é assunto delicado. O sonho dos empresários é reduzir o peso -que realmente é bem
elevado- dos encargos trabalhistas.
Já os trabalhadores temem perder direitos trabalhistas num momento de
desemprego elevado.
O fato é que, mais uma vez, o país
deixará de avançar em área tão importante. Talvez em 2005, quando o
governo Lula aposta que o país estará
crescendo, reduzindo as pressões do
desemprego. Também, se não for naquele ano, ficará apenas para o próximo governo ou mandato de Lula.
Hoje, por sinal, a cúpula petista
nem quer falar de reforma trabalhista. A tributária e da Previdência vão
consumir mais energia dos articuladores políticos do presidente Lula do
que eles imaginavam.
A preocupação do momento é evitar que a tramitação simultânea das
duas reformas no Senado dificulte as
votações. Talvez a Câmara demore
um pouco mais a enviar a tributária
aos senadores.
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