São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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PAINEL DO LEITOR

Desabamento e religião
"A tragédia do templo da Igreja Universal do Reino de Deus, em Osasco, desabou sobre todos nós, cristãos, católicos e de outras religiões.
O que nos surpreende é que alguém com a autoridade de um bispo da Igreja Universal venha a público dizer "que haveria explicação para a tragédia, se ali fosse uma discoteca e as pessoas estivessem bebendo ou usando drogas' -como se nas discotecas só existissem devassidão e bebedeiras, e não a alegria sadia da juventude (infelizmente com alguns se drogando).
Vamos pedir a Deus pelos mortos e feridos e consolação para todos, na certeza de que do Pai nunca devemos esperar castigos, mas compaixão e misericórdia."
Synésio de Paula Santos (São Roque, SP)

"Testemunhamos impressionados o fanatismo e a abnegação dos seguidores da Igreja Universal no episódio do desabamento. Parece "lavagem cerebral'. O Irã é aqui."
Cristina C.C. van Wanrooij (São Paulo, SP)

"Se a morte é assim tão convidativa e bela como pregou o bispo Gonçalves no programa da Record, na Igreja Universal os bispos são todos incoerentes, pois, nos templos, não deveriam rezar para que os fiéis tenham mais vida, e sim para que cheguem mais rápido à morte."
Albino Luiz Sella (Cuiabá, MT)

Programa cor-de-rosa
"Assistindo ao programa eleitoral pela TV, fico profundamente emocionado ao ouvir os candidatos aos vários cargos. Todos cheios de boas intenções, todos querendo o melhor para seus Estados e para o país, todos se sacrificando pelo bem do povo, e nada, absolutamente nada em causa própria. Como o Brasil é privilegiado em ter tantos candidatos que só querem o bem-estar da população.
Com tanta gente boa sobrando por aqui, até que poderíamos exportar alguns...
Wander A. Zuccolotto (São Paulo, SP)

Carros
"Parabéns pelo artigo "Está na hora de refletir' de Antonio Ermírio de Moraes (pág. 1-2, Opinião, 6/9).
O valor do brasileiro hoje tornou-se o carro que tem na porta, o talão de cheques e o cartão de crédito que tem no bolso. Não importa se há dinheiro para a gasolina, se o cheque tem fundo ou se sua casa é alugada.
Chega de financiamentos e incentivos à indústria automobilística. Mais créditos à educação, à agricultura e a indústrias transformativas que apliquem em pesquisas.
Jose Lucio Vieira (Mogi Mirim, SP)

Ajuste fiscal
"Tenho acompanhado o noticiário sobre a crise que abala a economia internacional. O que mais impressiona é a transmissão de pressupostos ideológicos apresentados como verdades indiscutíveis. Tal como um emplastro milagroso, que serve para curar dor de cabeça ou unha encravada, o governo apresenta o "ajuste fiscal' como remédio indispensável para debelar a crise. Foi assim com as privatizações.
O chamado ajuste fiscal proposto é mais uma prova da supremacia dos objetivos monetários sobre os objetivos distributivos, de geração de empregos, de expansão de serviços essenciais e de crescimento econômico. Quem vai pagar o pato serão as pessoas que dependem dos serviços públicos federais, que serão enxugados. O modelo do governo federal é que deveria sofrer um ajuste: chega de sustentar especuladores com o crescimento de nossa dívida pública. Esse modelo precisa ser, a médio prazo, substituído."
Sérgio Amadeu da Silveira (Santo André, SP)

Otimismo
"A comunidade econômica internacional, finalmente, reconhece os valores sólidos sobre os quais está assentada a economia brasileira. O gigante do Hemisfério Sul vai ficar quase incólume aos furacões que abalaram outras economias.
Dentre algumas das razões para que isso aconteça, podemos enumerar: o Brasil possui instituições democráticas sólidas e situação política estável; oferece um enorme potencial de mercado consumidor e lidera a quarta maior comunidade econômica do mundo, o Mercosul; possui regime capitalista consolidado; não tem movimentos separatistas nem conflito de minorias étnicas ou religiosas.
Por essas e por outras é que o Brasil está bem longe de ser a próxima bola a encarar a caçapa."
José Roberto Barreto Celestino (Juazeiro do Norte, CE)

Ferrovias
"Oportuna a exposição do ministro Eliseu Padilha (pág. 1-3, Opinião, 1/9) em defesa das metas e punições impostas aos concessionários das ferrovias brasileiras. No entanto, cabe salientar que ferrovias não são um bom negócio em todo o mundo. No Brasil, a infra-estrutura de transporte ferroviário precisa de recuperação, manutenção, modernização e expansão.
Só dessa forma haverá crescimento nesse setor de transporte. O modelo de privatização executado mal permitirá a sua recuperação e corre o risco de degradação.
Em vez de punição, antes o sistema precisa de estimulação governamental. Redução e isenção de impostos à indústria ferroviária são uma alternativa para impulsionar o setor."
Jairo Pessoa Guimarães (Tubarão, SC)

Supletivo
"A Justiça havia proibido a Secretaria da Educação de São Paulo de cobrar qualquer taxa de interessados em prestar provas de exame supletivo. Agora estão querendo cobrar R$ 14 por matéria.
Sai tão caro assim para preparar e dar uma prova? O Covas não diz que educação é prioridade em seu governo?"
José Emilio Simões (São Paulo, SP)

Mulheres vulneráveis
"O episódio do maníaco do parque trouxe à sociedade uma discussão ampla e muito apropriada para nossos dias: a vulnerabilidade das mulheres, que, no afã de conseguir uma pseudoprojeção, ou com uma esperança de dias melhores, se entregam a um sentimento inexplicável do tipo "me engana que eu gosto'.
Essa vulnerabilidade não é privilégio de pessoas anônimas desinformadas. Os reis também, ao longo da história, foram vulneráveis ou vítimas de seus próprios desejos.
Todos nós no fundo de nossas consciências somos vítimas de nós mesmos. Alguns encontram franciscos; outros, monicas."
Rubinaldo Biná Cabral (Santana de Parnaíba, SP)

Novo ano
"Se pensamos que todos os judeus são iguais, nos enganamos. Existem de diversos níveis intelectuais, econômicos, culturais, sociais. Mas, quando falamos de religião, as diferenças são maiores do que as semelhanças.
O ano novo judaico deixa de lado todas essas diferenças e consegue fazer o que nenhum líder alcança durante todo o ano: a união.
Parece que, quando chega o novo ano (5759), as pessoas da comunidade tomam o que poderíamos chamar de "Viagra da espiritualidade', fortalecendo e respondendo ao apelo religioso desses momentos.
Nem todos, contudo, estão preparados para a intensidade religiosa desses dias. O resultado da experiência é massacrante para a maioria, que acaba tão exausta que precisa de um ano inteiro para se recuperar."
Guershon Kwasniewski (Porto Alegre, RS)



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