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A RETALIAÇÃO DOS EUA
Depois do 11 de setembro, um
contra-ataque militar norte-americano se tornou hipótese praticamente certa. Mais. Uma resposta à
odiosa façanha que ceifou 6.000 vítimas inocentes em poucos minutos
era necessária para deixar claro que o
terrorismo não é tolerado sob aspecto nenhum. Primeiro ato expressivo
de uma ofensiva multifacetada, o
bombardeio ao Afeganistão ainda
necessita, porém, de legitimação.
Vinte e seis dias se passaram desde
que o World Trade Center e o Pentágono foram alvejados por ataques
suicidas. E o fato de Washington ter
evitado uma reação militar intempestiva foi um sinal positivo. Em vez
de dar ouvidos a assessores que pregavam retaliação imediata, o governo George W. Bush optou inteligentemente por uma enorme empreitada diplomática. O resultado foi a tessitura de uma rede de apoio internacional sem precedentes.
O passar do tempo e a costura de
alianças foram fundamentais para
que ganhassem mais elementos as
investigações sobre os perpetradores
dos atentados, para que diversos serviços de inteligência trocassem informações e para que fosse levada
em conta a opinião pública nos países desenvolvidos -reticente em relação a uma grande campanha militar, à exceção da dos EUA.
Tudo isso contribuiu para impor
certas condições à ação militar norte-americana. Para legitimar-se na teia
de apoio internacional que conquistou, Washington deveria convencer
seus aliados de que combatia grupos
terroristas implicados nos atentados, empreender outras ações de cunho político no Oriente Médio e na
Ásia e evitar mais um banho de sangue na população civil.
A primeira condição os EUA satisfizeram de modo oblíquo. Mostraram as supostas provas que implicam a Al Qaeda apenas a autoridades
de países e organizações aliados. Em
relação ao segundo ponto, a política
externa americana sofreu notória inflexão. São exemplos a atuação mais
efetiva no apaziguamento do conflito israelo-palestino e o envio de ajuda
humanitária aos refugiados afegãos.
É o terceiro elemento, o da necessidade de evitar a perda de vidas inocentes, que vai ter de passar pelo crivo internacional. É cedo para saber
se apenas alvos de milicianos foram
atingidos. E as características desse
conflito tornam a obtenção de informações isentas ao menos tão dificultosa quanto foi na Guerra do Golfo.
É hora, portanto, de a Organização
das Nações Unidas tomar papel ativo
no episódio. Ela é a instância multilateral por excelência, capaz de conferir o maior grau de legitimidade às
ações de EUA e aliados e de condenar
atos eventualmente abusivos.
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