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CÂMBIO IMPREVISÍVEL
À primeira vista, a confirmação do segundo turno entre o
candidato petista e o do governo não
foi suficiente para reverter as expectativas pessimistas nos mercados financeiros. O real se desvalorizou, a
Bovespa caiu, o risco-país permaneceu acima dos 2.000 pontos e o principal título da dívida externa brasileira (C-Bond) foi negociado com forte
deságio nos mercados internacionais, a 52% do valor de face.
No curto prazo, é impossível prever
o comportamento dos indicadores
financeiros. Mas parece provável que
a instabilidade e a volatilidade dos
preços dos principais ativos devem
prevalecer ao longo da segunda fase
da campanha eleitoral.
Nos nove primeiros meses do ano,
o volume de recursos captado pelo
governo e pelas corporações brasileiras foi de US$ 10,7 bilhões, uma queda de 54% com relação ao mesmo
período do ano passado. No último
trimestre deste ano, o mercado internacional deverá continuar retraído,
diante da elevada aversão ao risco
dos investidores. Devem vencer US$
8,1 bilhões em títulos de dívida externa e de dívida interna indexada à variação cambial. A rolagem parcial
desses títulos deve continuar pressionando a cotação do dólar, mesmo
se forem obtidos mais US$ 3 bilhões
na balança comercial e US$ 2,7 bilhões em investimento direto, como
projetado pelo Banco Central.
A instabilidade financeira e cambial demonstrou que o país precisa
realizar uma drástica reversão da dependência de capitais externos. Em
2003, ainda serão necessários US$
40,8 bilhões para fechar as contas externas, diante de um déficit em transações correntes de US$ 12,8 bilhões
e amortizações de dívidas de US$ 28
bilhões. A redução da vulnerabilidade externa recoloca a discussão das
fontes alternativas de financiamento
do desenvolvimento, vale dizer, aperfeiçoar o sistema financeiro doméstico, ampliar as exportações e substituir importações. Esse deveria ser
um dos temas relevantes nos debates
dos dois candidatos.
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