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CLÓVIS ROSSI
Falta do que fazer/dizer
SÃO PAULO - O governo Lula deve estar tendo um desempenho excepcional se tudo o que a oposição tem a
criticar nele é o uso político do Palácio do Planalto por meio da reunião
com os prefeitos já eleitos pelo PT.
Ou então é pura falta do que fazer.
Desde que se inventaram palácios, os
seus ocupantes os utilizam para fazer
política, sejam de direita, de esquerda, de centro, do Brasil ou de qualquer país, de hoje, de ontem ou de anteontem.
Fazer política, de resto, é parte inerente à atividade do governante. Só
quem considera a política uma atividade suja é capaz de torcer o nariz
quando um presidente pratica cenas
explícitas de política no palácio em
que despacha.
É bom lembrar que a política se torna de fato suja em reuniões de que
ninguém toma conhecimento a não
ser os trambiqueiros diretamente envolvidos e, às vezes, meses ou anos
mais tarde, algum investigador do
Ministério Público ou do Congresso
ou dos meios de comunicação.
Não há, portanto, nada de mais em
o presidente reunir-se com gente de
seu partido e oferecer sugestões sobre
como conquistar votos para que seu
partido ganhe a eleição em São Paulo
ou em qualquer outro lugar.
O eleitor está suficientemente informado para decidir se quer ou não votar nos correligionários do presidente. O de São Paulo (capital), por
exemplo, não deu a menor bola para
a atividade político-eleitoral do presidente no primeiro turno, tanto que
votou majoritariamente por outros
candidatos.
Já o presidente se especializa em falta do que dizer. Anteontem, produziu
a seguinte pérola sobre as perspectivas de o Brasil deixar de ser um país
em desenvolvimento:
"É preciso apenas consertar o que
falta ser consertado para que as coisas entrem no eixo".
Madame Natasha, aquela amiga
do Elio Gaspari que se esforça para
entender o português enrolado (ou
oco, como no caso), acha que o presidente quis dizer que, se o Brasil tivesse resolvido seus problemas, o Brasil
não teria problemas.
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