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FERNANDO RODRIGUES
O Obama real
WASHINGTON - Passada a eleição, o Barack Obama real vai ficando mais nítido. Na campanha, ele
prometeu algo jamais sugerido por
um candidato com chances de chegar à Casa Branca: não nomear pessoas cuja atividade anterior na iniciativa privada nos últimos dois
anos tivesse relação com a função
assumida no governo.
Na teoria, bonito. Na prática, as
coisas têm sido diferentes.
David Axelrod foi nomeado assessor especial sênior da Casa
Branca. Ele é associado da ASK, firma de relações públicas cuja carteira de clientes inclui empresas como
a AT&T e a gigante do setor de energia nuclear Exelon.
Tony Podesta é o chefe da equipe
de transição de Obama. Ele preside
o Center for American Progress,
entidade liberal que já fez lobby a
favor da reconstrução do Iraque.
Rahm Emanuel ocupará a poderosa Casa Civil. É deputado federal
democrata por Illinois. Sua campanha neste ano custou o dobro da
média dos colegas. Entre seus
maiores doadores estão UBS,
JPMorgan, Goldman Sachs, Citibank, Lehman Brothers, Merrill
Lynch, Morgan Stanley e Bank of
America. É quase 100% de Wall
Street. Ao nomeá-lo, Obama foi ao
ponto: "Ninguém que eu conheça é
melhor para executar as coisas do
que Rahm Emanuel".
Larry Summers está cotado para
comandar a economia. Ele é diretor-executivo do fundo de hedge
D.E. Shaw. Quando assumiu, em
2006, a carteira de investimentos
valia US$ 25 bilhões. Neste ano,
chegou a US$ 37 bilhões.
Obama ontem teve uma reunião
com assessores econômicos. Summers estava presente. O presidente
eleito deu uma entrevista depois.
Falou vagamente, a seu estilo, sobre
aliviar a classe média. Menos de
uma semana após sua vitória, o democrata talvez esteja percebendo
como é difícil conciliar o discurso
de campanha com a vida real.
frodriguesbsb@uol.com.br
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