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ALIANÇA ESDRÚXULA
As tratativas entre o ex-governador Leonel Brizola e o senador Jorge Bornhausen, com vistas
a aproximar o PDT e o PFL tanto na
frente federal quanto nas eleições
municipais, são mais um exemplo
enfático da inconsistência ideológica
e programática que impera no meio
político brasileiro.
São conhecidos os dois líderes. O
primeiro criou-se à sombra do trabalhismo e do populismo de esquerda.
Esteve no exílio, enquanto o segundo
apoiava o regime militar. Com a redemocratização, Brizola, de volta ao
país, mostrou que suas convicções
ideológicas eram, na verdade, bastante maleáveis sempre que se tratava
de buscar sucesso eleitoral ou fazer
alianças com poderosos, entre os
quais figura o ex-presidente Fernando Collor de Mello.
O segundo, Bornhausen, é cacique
de um partido que pode ser classificado como de direita, cujo histórico
de fisiologismo e cuja capacidade de
aderência aos mais diversos governos se tornaram referências nacionais. Basta dizer que desde sua criação é a primeira vez que o PFL se vê
no papel de oposição federal.
É portanto a mesma desenvoltura
na hora de abrir mão de posições políticas e ideológicas que parece unir
agora os dois nessa aliança que ambos classificam -como se fosse necessário- de "não-ideológica".
Lamentavelmente, o oportunismo
dos líderes do PDT e do PFL não é fato isolado em nosso teatro político.
O próprio PT, partido que se notabilizou por imprimir à sua conduta um
padrão de coerência nem sempre visto no país, também houve por bem
esquecer o que dizia para assumir
projetos e fazer acordos os mais esdrúxulos. Diante de tanta desorientação, o eleitor brasileiro só pode mesmo fazer o que muitas lideranças
tantas vezes lamentam: descrer dos
partidos e dos políticos que pretendem representá-lo.
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