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QUANTO MAIS QUENTE PIOR
Há muito que cientistas temem os efeitos do aquecimento global. As consequências
mais graves incluem a elevação do
nível dos oceanos e mudanças no clima, com variações de temperatura,
de estações e no regime de chuvas.
Isso terá, evidentemente, impacto
sobre seres vivos. E, ao que tudo indica, ele será bastante negativo.
Pesquisa inédita publicada pela revista científica "Nature" desta semana sugere que um acréscimo de 1,8C
a 2C na temperatura média do planeta até 2050 poderia resultar na extinção de 24% das espécies. Registre-se que esse não é o pior cenário. Se o
aumento de temperatura nas próximas décadas for superior a 2C, 35%
da biodiversidade poderia desaparecer. Na versão otimista da projeção
(aquecimento entre 0,8C e 1,7C),
pereceriam 18% das espécies.
Estudos dessa natureza são sempre
frágeis. Baseiam-se em modelos matemáticos que encerram uma série de
pressupostos que podem ou não se
materializar. No caso, não se leva em
conta, entre outros fatores, a capacidade de dispersão das espécies pelo
ambiente ou a adaptação a outros habitats, o que, em princípio, poderia
salvá-las da aniquilação.
Esses pontos fracos metodológicos não devem servir para que se receba a pesquisa com menos preocupação. Registros fósseis indicam que
variações relativamente bruscas das
condições climáticas já resultaram
em extinções em massa. No último
meio bilhão de anos, houve cinco
grandes hecatombes biológicas. Na
mais grave delas, a do Permiano (251
milhões de anos atrás), 95% das espécies desapareceram.
Cientistas associam a maioria dessas extinções a cataclismos como a
queda de asteróides sobre a Terra.
Desta feita, contudo, as razões para a
extinção seriam em grande parte
produzidas pelo homem. A queima
de combustíveis fósseis é, ao que tudo indica, o fator que está levando ao
aquecimento global. Ainda podemos evitar pelo menos os cenários
mais trágicos. É preciso agir rápido
para implementar o Protocolo de
Kyoto, que pretende reduzir as emissões de gases que estão tornando a
Terra mais quente.
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