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A REFORMA QUE FALTA
Começa a ganhar corpo no mundo
desenvolvido a tese de que é urgente
iniciar a discussão sobre a reforma
das chamadas instituições de Bretton
Woods, o acordo que, em 1944, lançou as bases do sistema financeiro
mundial até hoje prevalecentes.
É uma tese cara ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Ainda no
mês passado, no encontro anual do
Fórum Econômico Mundial, FHC, ao
lado do megainvestidor George Soros, defendeu a necessidade de "um
novo Bretton Woods" como arma
contra a instabilidade financeira.
Enquanto esse tipo de proposta surgia apenas nos países em desenvolvimento, havia pouca probabilidade de
que prosperassem. Agora, no entanto, até personalidades das grandes
potências começam a tocar no tema
com crescente vigor.
O presidente do Fed (banco central
norte-americano), Alan Greenspan,
parece ter dado o rumo à discussão,
ao dizer que há indicações de que os
atuais mecanismos financeiros globais parecem facilitar "a transmissão
de distúrbios financeiros muito mais
eficazmente do que jamais".
Com essa frase, desmonta a tese de
que a instabilidade financeira não é,
hoje, maior do que já foi no passado.
Seria, pois, intrínseca ao capitalismo
e não haveria, em função disso, nada
a fazer para diminuí-la.
No Japão, o país rico mais exposto
ao contágio da crise asiática, pregação semelhante tem sido feita por Eisuke Sakakibara, principal responsável pelos aspectos financeiros do comércio internacional.
Sakakibara, aliás, usa expressão semelhante à do presidente Fernando
Henrique Cardoso, ao defender
igualmente a regulamentação de um
"novo Bretton Woods".
Com exceção de um punhado de especuladores, a instabilidade evidentemente não interessa a ninguém,
mas prejudica principalmente os países ainda em fase de consolidação
econômica, como é o caso do Brasil.
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