São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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A REFORMA QUE FALTA

Começa a ganhar corpo no mundo desenvolvido a tese de que é urgente iniciar a discussão sobre a reforma das chamadas instituições de Bretton Woods, o acordo que, em 1944, lançou as bases do sistema financeiro mundial até hoje prevalecentes.
É uma tese cara ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Ainda no mês passado, no encontro anual do Fórum Econômico Mundial, FHC, ao lado do megainvestidor George Soros, defendeu a necessidade de "um novo Bretton Woods" como arma contra a instabilidade financeira.
Enquanto esse tipo de proposta surgia apenas nos países em desenvolvimento, havia pouca probabilidade de que prosperassem. Agora, no entanto, até personalidades das grandes potências começam a tocar no tema com crescente vigor.
O presidente do Fed (banco central norte-americano), Alan Greenspan, parece ter dado o rumo à discussão, ao dizer que há indicações de que os atuais mecanismos financeiros globais parecem facilitar "a transmissão de distúrbios financeiros muito mais eficazmente do que jamais".
Com essa frase, desmonta a tese de que a instabilidade financeira não é, hoje, maior do que já foi no passado. Seria, pois, intrínseca ao capitalismo e não haveria, em função disso, nada a fazer para diminuí-la.
No Japão, o país rico mais exposto ao contágio da crise asiática, pregação semelhante tem sido feita por Eisuke Sakakibara, principal responsável pelos aspectos financeiros do comércio internacional.
Sakakibara, aliás, usa expressão semelhante à do presidente Fernando Henrique Cardoso, ao defender igualmente a regulamentação de um "novo Bretton Woods".
Com exceção de um punhado de especuladores, a instabilidade evidentemente não interessa a ninguém, mas prejudica principalmente os países ainda em fase de consolidação econômica, como é o caso do Brasil.



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