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Itamar humilhado por R$ 40
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - O maior perdedor ontem
em Brasília foi Itamar Franco. Não
apenas porque saiu derrotada a tese
da candidatura própria do PMDB. Isso acabou sendo o mal menor para o
ex-presidente.
Itamar Franco foi humilhado pelos
governistas durante os momentos em
que esteve no plenário da Câmara.
A humilhação inicial veio dos capangas contratados pelos governistas.
"Rá, rá, rá, fora Itamar", ouviu o
ex-presidente ao chegar.
Quase chorando, foi à tribuna. Tentou uma manobra ingênua. Ofereceu
a palavra para o governista Jader Barbalho falar na frente. Não colou. Itamar teve de ser o primeiro a discursar.
Discursou em voz baixa. Não coordenava as palavras. O barulho atrapalhava sua concentração. Em sua
frente, militantes brigavam. Um militante pró-candidatura própria do
PMDB saiu sangrando do plenário,
transformado em ringue de luta livre.
Itamar terminou sua fala citando
conceitos desconexos daquilo que julga faltar ao país. Terminou pedindo
"justiça social". Poucos ouviram.
A humilhação continuou nos discursos de Jader Barbalho e de Geddel
Vieira Lima. Itamar não era mais Itamar. Muito menos ex-presidente da
República. Passou a ser chamado de
"funcionário" de FHC.
A baixaria ficou por conta da claque
governista. Atacaram, sem-cerimônia,
a masculinidade de Itamar. Era como
a arquibancada de um jogo de futebol.
Não a convenção do partido que se diz
o maior do país.
É importante dizer que esse espetáculo degradante do PMDB foi protagonizado no plenário da Câmara, o
local no qual supostamente deveria
ser construído um país melhor.
Por volta das 19h30, ficou clara a vitória de FHC. Integrantes da claque
governista começaram a arrancar as
camisetas amarelas que foram obrigados a vestir durante o dia.
Agitavam as camisetas no ar. Gritavam "Brasil, Brasil". Cada um ganhou
R$ 40 pelo dia de trabalho. Para FHC,
ficou mais barato do que a emenda da
reeleição. Já para o Brasil...
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