São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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Por que quero governar São Paulo



A agricultura está falida. Em todas as nações, a falência da agricultura antecedeu a falência do Estado
AGRIPINO LIMA

Quero ser um governador diferente e servir ao povo paulista com honestidade, sem dele me servir. Sei que uma das virtudes maiores do homem público consiste em dar bons exemplos. Ninguém mais quer saber de candidaturas com roupagem do passado, respingadas ou não por manchas de corrupção. Nem de candidatos de acomodação, que não sabem dar a São Paulo a posição que é sua na Federação.
Alicerço minha pretensão em minha própria vida. Nasci em lar humilde, com 11 irmãos. Fui, com meus pais, trabalhador braçal, carroceiro e caminhoneiro. Trabalhei em bares e empórios. Mas nunca abandonei os estudos.
Formei-me com imensa dificuldade; fui professor primário e diretor de escola. Para graduar-me em direito, fui vendedor de livros. Por conhecer o valor da educação, empreendi esforços para aprimorar o ensino em minha cidade, Presidente Prudente.
Criei, há 25 anos, uma pequena faculdade, que veio a se transformar na Unoeste, com cerca de 15 mil alunos, gerando mais de 2.500 empregos diretos. Medida por padrões isentos, é uma boa universidade brasileira, que tem cursos excelentes. Procurei soluções para a minha região, carente de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas e dentistas e com a agricultura desassistida. Criei cursos em todas essas áreas e construí um dos maiores e mais modernos hospitais deste país.
No passado, disputei cargos eletivos para completar minha formação de cidadão. Fui vereador, deputado federal, vice-prefeito e prefeito de Presidente Prudente. Nesses dois últimos cargos, não recebi salários; em nenhum deles recebi ou fiz favores nem tive mordomias. Meus gabinetes sempre tiveram as portas abertas; saí da prefeitura com 94,7% de aprovação popular. Mas não fiz, nem faço, promessas eleitoreiras ou que não possa cumprir.
Julgo-me preparado para a missão a que me proponho. Sempre demarquei com precisão a linha que separa meus interesses pessoais dos coletivos. Nunca transacionei com o poder público: direta ou indiretamente, nunca lhe vendi nada e dele nada comprei. Sou independente, financeiramente também, e construí meu patrimônio com minhas mãos, limpas e honradas.
Julgo-me preparado para governar São Paulo, que também é vítima de maus dirigentes, e não vou me quedar inerte diante dos problemas que o afligem. Hospitais superlotados e filas sem fim. Empresas concordatárias ou descapitalizadas, desemprego em ascensão. Desestabilizaram o Banespa, fecharam suas portas para os agricultores e, agora, saneado, querem privatizá-lo.
A violência, urbana e rural, atingiu níveis insuportáveis; bandidos sequestram, estupram e, ao contrário do que sugerem, matam; invadem e tomam propriedades, impunes e com a complacência de autoridades omissas.
Tenho vergonha de constatar que, no Estado mais rico da Federação, os professores são sub-remunerados e o governo sorteia vagas em escolas públicas, para contemplar poucos e desiludidos alunos. Que vergonha inominável! A agricultura está falida; o produtor vende o leite a R$ 0,10 o litro, o quilo da carne a R$ 1,40 e o milho a R$ 0,10 o quilo. O que podem comprar com isso? Em todas as nações, a falência da agricultura antecedeu a do Estado.
Sou um liberal, porque nasci livre e vivo livremente. Vou morrer assim. Acredito cegamente na iniciativa particular; sei que o Estado não é dono de todas as coisas e que não é dono de nenhuma pessoa. Sei que sou um reformador e que o desenvolvimento econômico e o social andam juntos.
E é por isso que ambos, em meu governo, contarão com o Estado, porque o trabalho só gera riquezas se dignificar o ser humano. Custa-me admitir que, no Estado mais rico da Federação, não haja emprego para todos e que aos jovens se ofereça futuro tão sombrio.
Vou governar o Estado de São Paulo como sempre fiz, com as portas abertas e com o povo, seus representantes e a imprensa livre fiscalizando meus atos e os de meus assessores. Meus objetivos, portanto, se identificam com os de meu partido, o PFL. Por isso irei à sua convenção, integrada por cidadãos independentes e honrados, disputar a indicação de meu nome. Vou ganhar a convenção, que é soberana, porque a democracia se constrói a partir das bases. Com o voto dos convencionais, disputarei as eleições com um programa de governo que será cumprido.
Serei um governador exemplar, porque acredito no poder da vontade, na proteção divina, na força da inteligência e no valor do exemplo. Não venho para ser igual aos outros: honrarei os votos que o povo de São Paulo me dará.
Agripino de Oliveira Lima Filho, 66, é reitor da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) e pré-candidato do PFL ao governo de São Paulo. Foi prefeito de Presidente Prudente (SP) de 1993 a 1996.



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