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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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REFORMA NÃO É PANACÉIA

Na onda de otimismo governista propiciada por uma relativa descompressão financeira de curto prazo e pela primeira importante vitória no Congresso da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, surge um novo ciclo de promessas do petismo. Trata-se de promessas pós-eleitorais que, basicamente, flertam com um futuro brilhante para o país caso o Parlamento aprove as reformas constitucionais e infraconstitucionais propostas pelo Executivo.
Mudar a Previdência para que a finança pública seja sustentável ao longo do tempo e mudar a tributação e a legislação trabalhista para proporcionar maior competitividade aos agentes econômicos e maior justiça social são, de fato, temas importantes da agenda nacional. Desse ponto de vista, há que louvar a transição da cúpula petista, ainda que esse brusco movimento tenha descredenciado a forma pela qual o próprio PT atuou quando estava na oposição.
Nessa rápida conversão, alguns entusiasmados governistas parecem ter aderido ao ideário reformista pelo seu valor de face. É preciso muita ingenuidade para acreditar que os juros no Brasil baixarão rápida, inexorável e sustentadamente em decorrência da aprovação desse conjunto de mudanças. Algumas dessas reformas só surtirão efeito a longo prazo. Sobre outras delas, como a autonomia do BC, nem se sabe se terão êxito ou se criarão novos problemas.
Por trás dessa propagandística, o que está em gestação não é novidade. Neste momento, por exemplo, governistas da área econômica acenam com a pauta reformista a fim de esquivar-se da discussão sobre o nível de apreciação do real, resultante da entrada de capitais bastante voláteis, atraídos por juros estratosféricos.
Novíssimos e velhos convertidos ao receituário reformista parecem tentar convencer o público de que a política macroeconômica (juros, câmbio, superávit fiscal) não exerce papel importante numa estratégia de desenvolvimento. Mais precisamente: tentam nos convencer de que esse assunto é regido por leis naturais, as quais não nos cabe questionar.


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