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REFORMA NÃO É PANACÉIA
Na onda de otimismo governista propiciada por uma relativa descompressão financeira de
curto prazo e pela primeira importante vitória no Congresso da gestão
de Luiz Inácio Lula da Silva, surge
um novo ciclo de promessas do petismo. Trata-se de promessas pós-eleitorais que, basicamente, flertam
com um futuro brilhante para o país
caso o Parlamento aprove as reformas constitucionais e infraconstitucionais propostas pelo Executivo.
Mudar a Previdência para que a finança pública seja sustentável ao
longo do tempo e mudar a tributação
e a legislação trabalhista para proporcionar maior competitividade aos
agentes econômicos e maior justiça
social são, de fato, temas importantes da agenda nacional. Desse ponto
de vista, há que louvar a transição da
cúpula petista, ainda que esse brusco
movimento tenha descredenciado a
forma pela qual o próprio PT atuou
quando estava na oposição.
Nessa rápida conversão, alguns entusiasmados governistas parecem ter
aderido ao ideário reformista pelo
seu valor de face. É preciso muita ingenuidade para acreditar que os juros no Brasil baixarão rápida, inexorável e sustentadamente em decorrência da aprovação desse conjunto
de mudanças. Algumas dessas reformas só surtirão efeito a longo prazo.
Sobre outras delas, como a autonomia do BC, nem se sabe se terão êxito
ou se criarão novos problemas.
Por trás dessa propagandística, o
que está em gestação não é novidade.
Neste momento, por exemplo, governistas da área econômica acenam
com a pauta reformista a fim de esquivar-se da discussão sobre o nível
de apreciação do real, resultante da
entrada de capitais bastante voláteis,
atraídos por juros estratosféricos.
Novíssimos e velhos convertidos
ao receituário reformista parecem
tentar convencer o público de que a
política macroeconômica (juros,
câmbio, superávit fiscal) não exerce
papel importante numa estratégia de
desenvolvimento. Mais precisamente: tentam nos convencer de que esse
assunto é regido por leis naturais, as
quais não nos cabe questionar.
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