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PARADOXO ELÉTRICO
O setor elétrico brasileiro vive,
há pouco mais de um ano do
término do racionamento, situação
paradoxal. A queda na demanda por
energia convive com a incapacidade
estrutural do sistema de suprir a eletricidade necessária para sustentar
um ciclo de poucos anos de crescimento econômico a taxas razoáveis.
A queda no consumo de energia foi
consequência da aquisição de padrões mais econômicos de uso da
eletricidade por parte das empresas e
das famílias e, também, da forte e
prolongada desaceleração no ritmo
do crescimento econômico a partir
do segundo semestre de 2001. Uma
contribuição importante para ambos
os fenômenos foi dada pelo próprio
racionamento.
A crise que quase culminou no
"apagão" ainda coincidiu com um
ciclo internacional de aguda desvalorização de ativos empresariais, que
vitimou com especial contundência
as companhias de energia. Tudo isso, somado à vertiginosa desvalorização do real no ano passado, fez deteriorar sobremaneira a situação patrimonial de muitas empresas energéticas instaladas no Brasil.
Os erros cometidos no passado foram muitos. O BNDES, por exemplo, financiou a compra, por um
grupo estrangeiro, de uma grande
distribuidora de energia -transação
que, a rigor, não contribuiu para a
expansão do sistema, além de ter ajudado a debilitar as contas externas
brasileiras. Agora a inadimplência
do grupo multinacional ameaça abalar a capacidade do BNDES de financiar novos projetos.
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff afirmou ontem, no Senado, que uma solução para tal impasse não se resume à questão tarifária. Esse aparente truísmo conviveu
com a notícia, também de ontem, de
que os novos reajustes na tarifa de
eletricidade serão maiores do que se
previa inicialmente. Diante de um
problema que exige uma grande distribuição de perdas, as respostas, por
ora, têm sido insuficientes. Ao consumidor, empresarial e residencial,
continua a ser debitada a parcela
mais pesada dos custos do desajuste.
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