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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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PARADOXO ELÉTRICO

O setor elétrico brasileiro vive, há pouco mais de um ano do término do racionamento, situação paradoxal. A queda na demanda por energia convive com a incapacidade estrutural do sistema de suprir a eletricidade necessária para sustentar um ciclo de poucos anos de crescimento econômico a taxas razoáveis.
A queda no consumo de energia foi consequência da aquisição de padrões mais econômicos de uso da eletricidade por parte das empresas e das famílias e, também, da forte e prolongada desaceleração no ritmo do crescimento econômico a partir do segundo semestre de 2001. Uma contribuição importante para ambos os fenômenos foi dada pelo próprio racionamento.
A crise que quase culminou no "apagão" ainda coincidiu com um ciclo internacional de aguda desvalorização de ativos empresariais, que vitimou com especial contundência as companhias de energia. Tudo isso, somado à vertiginosa desvalorização do real no ano passado, fez deteriorar sobremaneira a situação patrimonial de muitas empresas energéticas instaladas no Brasil.
Os erros cometidos no passado foram muitos. O BNDES, por exemplo, financiou a compra, por um grupo estrangeiro, de uma grande distribuidora de energia -transação que, a rigor, não contribuiu para a expansão do sistema, além de ter ajudado a debilitar as contas externas brasileiras. Agora a inadimplência do grupo multinacional ameaça abalar a capacidade do BNDES de financiar novos projetos.
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff afirmou ontem, no Senado, que uma solução para tal impasse não se resume à questão tarifária. Esse aparente truísmo conviveu com a notícia, também de ontem, de que os novos reajustes na tarifa de eletricidade serão maiores do que se previa inicialmente. Diante de um problema que exige uma grande distribuição de perdas, as respostas, por ora, têm sido insuficientes. Ao consumidor, empresarial e residencial, continua a ser debitada a parcela mais pesada dos custos do desajuste.


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