São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O terrorismo oficial de Bush
IVES GANDRA MARTINS
A esperança de que o século 21, como dizia Norberto Bobbio, na "Era dos Direitos", descortinasse um tempo em que a enunciação dos direitos (século 20) fosse seguida de suas garantias foi definitivamente tisnada, visto que não só a garantia de que cada nação deve escolher seu próprio destino deixou de existir, como, o que é pior, os direitos foram definitivamente sepultados por um país que é o mais forte em armas de destruição em massa e o mais fraco no respeito aos povos e nações do mundo. Até a figura tirânica desse outro genocida, Saddam Hussein, passou a segundo plano porque o minúsculo e poderoso presidente dos Estados Unidos conseguiu demonstrar ser mais eficiente em matar civis do que o déspota iraquiano. É de lembrar que inúmeros internautas iraquianos têm declarado, segundo a BBC, que não lutam por Saddam Hussein, mas pelo sagrado território iraquiano, que pertence a eles e não poderia ser sangrentamente invadido como o foi, pelos americanos e -lamentavelmente também, em violação às tradições de um povo admirável, como é o inglês- pelas tropas de Tony Blair. E a cena de segunda-feira, estampada nos jornais, na qual Bush, para não machucar sua cadelinha, quase tropeçou na escada do avião presidencial, contrasta com a imagem das crianças iraquianas, dilaceradas pelas modernas armas de matar civis do arsenal norte-americano. A partir da invasão do Iraque, o direito internacional das nações e dos povos perdeu significado. O presidente americano poderá, a qualquer momento, de acordo com os seus humores, complexos ou aspirações imperialistas, escolher novos alvos, temendo eu, sempre, pela Amazônia, na medida em que alguns importantes militares americanos referem-se permanentemente àquela parte do território brasileiro como se fosse território do mundo sob proteção dos Estados Unidos. Mais do que nunca, é necessário que todos os povos, diuturnamente, em manifestações constantes, repudiem o genocídio da gente iraquiana e tentem atalhar, pelo ideal da não-violência, que Gandhi defendeu para libertar a Índia, os sonhos de dominação do mundo do obcecado presidente dos Estados Unidos. E que o povo americano, de tantas lutas que orgulham a humanidade, saiba, nas próximas eleições, afastá-lo, para que retome o respeito que perdeu do concerto das nações, voltando às lutas em defesa da soberania dos povos e da paz mundial. Ives Gandra da Silva Martins, 68, advogado tributarista, é professor emérito da Universidade Mackenzie e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Mário Amato: Personagens Índice |
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