São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Personagens
MÁRIO AMATO
Imaginemos, agora, que o lar já não é mais o aconchego de antes. O mundo mudou graças aos impulsos da ciência e da técnica, do volume cada dia maior de informações, mostrando que nas democracias todos somos iguais, mas uns são mais iguais do que outros, dando margem ao aparecimento dos analistas com suas previsões -geralmente analistas de fatos consumados. Isso faz lembrar o que aconteceu na Inglaterra, onde foi feita uma pesquisa sobre economia, finanças e aspectos sociais do país e os que mais acertaram foram os operários de setor de transporte, talvez por serem práticos e mais objetivos, por não terem ilusões com a realidade da vida, frustrando os intelectuais e os demais estudiosos. Estamos vivendo mudanças e a maioria já não sabe o caminho a seguir, permitindo que se estabeleça a luta entre o ser e o ter, entre o ético e o aético, entre o moral e o amoral, entre o conhecimento geral e o específico, entre a constituição da família e as uniões espúrias, entre a paternidade responsável e a irresponsável, entre obrigações e direitos, entre saúde e consumo de drogas, entre o trabalho humano e a automação fria e sem arte, deixando de lado, como coisa inútil, pessoas que estão na plenitude de sua capacidade de trabalho e de viver a música, a arte, a literatura, a escultura e tudo o que de bom a vida oferece. Como não somos uma unidade, mas a centésima milionésima parte do ser humano, dentro do universo uno e indivisível, temos de nos unir na sociedade em que vivemos, particularmente por meio da educação, da coexistência que torna a vida fácil de ser vivida, como um conjunto verdadeiramente harmônico e saudável para todos, e não apenas para uns poucos. É isso ou o caos, as guerras em que, a pretexto de pequenas coisas, as pessoas se matam, em que parte da humanidade se flagela, levando a verdadeiro cataclismo social, fazendo surgir os salvadores da pátria, que não só engodam os demais como engodam a si próprios. Vamos empreender a campanha da convivência pacífica, em que os bem-dotados e os afortunados por valor próprio ou por herança se destacam trabalhando, para que o seu semelhante se iguale o mais possível a ele e possa usufruir plenamente os seus direitos e não se torne discriminado e infeliz, sem maiores possibilidades de uma educação de vida consentânea com a dignidade humana. Vamos trabalhar para igualar. Mário Amato, 84, empresário, é presidente emérito da Fiesp, presidente do Conselho de Orientação Política e Social da Fiesp e do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Comércio Exterior. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Ives Gandra Martins: O terrorismo oficial de Bush Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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