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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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ÊXODO UNIVERSITÁRIO

Não bastassem os baixos salários pagos pelas universidades públicas, essas instituições estão agora tendo de lidar com uma outra ameaça: a corrida pelas aposentadorias. O fenômeno não é inédito. Em 1998, quando o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso fez a sua reforma da Previdência, professores universitários também se apressaram para deixar a ativa e, assim, evitar eventuais perdas com as mudanças na legislação.
Parecem relativamente sem efeito as reiteradas afirmações de parte do governo -tanto em 1998 como agora- de que os direitos adquiridos serão preservados. A prudência recomenda que não se acredite muito no governo, e as notícias de que existem muitos professores se aposentando tendem a reforçar o medo de perdas, levando mais docentes a deixar a atividade. Sejam os temores reais ou imaginários, o fato é que eles contribuem para a chamada evasão de cérebros das universidades.
Ainda não há números consolidados sobre o atual êxodo, mas são muitos os indícios de que ele ocorre. Na Unicamp, por exemplo, a média mensal de aposentadorias concedidas cresceu 117% em 2003 em relação ao ano passado. Na USP, o número de pedidos de contagem de tempo quase triplicou.
A situação, porém, é mais grave nas universidades federais, nas quais até 13% do corpo docente reúne condições para aposentar-se. A agravante é que as federais, por não gozarem de autonomia, não podem abrir concursos para substituir os que saem. Dependem de autorização do MEC para fazer novas contratações.
Os professores que agora correm para aposentar-se têm em geral entre 48 e 53 anos e estão no auge de sua produção intelectual. O risco maior é que essa fuga de talentos represente mais um golpe na já combalida universidade pública brasileira, que, apesar de tão maltratada ao longo dos últimos anos, segue sendo a responsável por nada menos que 90% da produção científica nacional.


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