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CARLOS HEITOR CONY
Dias contados
LISBOA - Em "Tempos Modernos", Chaplin criou uma fábrica onde o gerente fiscaliza os operários até dentro
dos banheiros. Em "1984", George
Orwell foi mais radical. Todos teremos um chip em algum lugar de nosso organismo e poderemos ser detectados por uma gigantesca central que
tomará conta de tudo o que fizermos
ou deixarmos de fazer.
Parece que esse tempo sombrio está
longe, mas os sinais de que se aproximam estão aí. Os grampos telefônicos, os pardais no trânsito que fotografam os carros em determinados
cruzamentos e os aparelhos de vídeo
colocados nos supermercados e em
locais de aglomeração não deixam de
ser anúncios de uma era em que seremos robotizados física e mentalmente.
Alguns documentos, como o CPF, o
passaporte (que, apesar de antigo, é
de uso relativamente novo), os computadores da Receita Federal, da Polícia, das companhias de seguros e
dos bancos, tudo isso, somado e anexado, produzirá a central, o "Big Brother" que nos vigiará dia e noite.
Da mesma forma que o Estado
obriga a vacinação aos que nascem,
em breve obrigará o enxerto de um
modem subcutâneo em cada bebê.
Mais alguns anos, e todos seremos
rastreados eletronicamente. Estaremos on-line.
Com mão e contramão. Seremos
obrigados a fazer as coisas que a central determinará. E a não fazer coisas
que a programação central nos proibirá.
Penso nisso tudo quando sei que alguém foi grampeado telefonicamente. É ainda um recurso primário,
grosseiro, de fiscalização e controle de
nossa privacidade. Creio que todos,
de alguma forma, estamos sendo
grampeados, por isso ou aquilo.
Maridos grampearão as esposas e
vice-versa. Amigos e inimigos saberão de tudo e todos ficaremos sem
privacidade. Por falar nisso, o que estou fazendo em Portugal?
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