São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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FORA DAQUI

Para um país de imigrantes como o Brasil, é sempre um pouco estranho constatar que um número crescente de brasileiros está deixando o território nacional em busca de melhores condições de vida. Segundo estimativas do Itamaraty, há 2,5 milhões de brasileiros vivendo no exterior. Esse número representa 1,4% dos 180 milhões de cidadãos.
Por um lado, é lamentável que a crise econômica renitente esteja levando muitas pessoas a cortar ou interromper seus vínculos territoriais e afetivos para tentar a sorte em países ricos. Pior, vários emigrantes correm perigo real ao tentar cruzar fronteiras ou trabalhar ilegalmente, muitas vezes em mãos de pessoas inescrupulosas, como ficou tragicamente claro ontem, com a morte de uma brasileira no deserto do Arizona.
De outro lado, é necessário lembrar que nem todos os brasileiros vivendo no exterior foram expulsos pela crise. Entre os exilados se contam pessoas com sólida formação acadêmica que buscam especialização em centros de excelência. É gente que, voltando ao Brasil, trará uma importante contribuição. No mais, o maior número de cidadãos de todas as nacionalidades que moram fora de seus países de origem é um dos efeitos da globalização. Não deixa de ser uma forma de enriquecer a cultura dos lugares onde se encontrem.
Em todos os casos, diante do cada vez mais expressivo contingente de brasileiros no estrangeiro, é preciso que o país melhore sua estrutura de apoio a essas pessoas. Não se trata apenas dos serviços consulares, mas também questões básicas como facilitar a remessa de dinheiro -algo que já despertou a atenção de autoridades governamentais.
Não é demais lembrar que os brasileiros no exterior injetam por ano na economia a nada desprezível quantia de R$ 5,8 bilhões em moeda forte. Fazem-no, em larga medida, através de canais informais como amigos em trânsito. Dar-lhes condições mais confortáveis de ajudar aos seus é o mínimo que o Brasil lhes deve.


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