|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FORA DAQUI
Para um país de imigrantes como o Brasil, é sempre um pouco estranho constatar que um número crescente de brasileiros está deixando o território nacional em busca
de melhores condições de vida. Segundo estimativas do Itamaraty, há
2,5 milhões de brasileiros vivendo no
exterior. Esse número representa
1,4% dos 180 milhões de cidadãos.
Por um lado, é lamentável que a crise econômica renitente esteja levando muitas pessoas a cortar ou interromper seus vínculos territoriais e
afetivos para tentar a sorte em países
ricos. Pior, vários emigrantes correm
perigo real ao tentar cruzar fronteiras
ou trabalhar ilegalmente, muitas vezes em mãos de pessoas inescrupulosas, como ficou tragicamente claro
ontem, com a morte de uma brasileira no deserto do Arizona.
De outro lado, é necessário lembrar
que nem todos os brasileiros vivendo
no exterior foram expulsos pela crise. Entre os exilados se contam pessoas com sólida formação acadêmica que buscam especialização em
centros de excelência. É gente que,
voltando ao Brasil, trará uma importante contribuição. No mais, o maior
número de cidadãos de todas as nacionalidades que moram fora de
seus países de origem é um dos efeitos da globalização. Não deixa de ser
uma forma de enriquecer a cultura
dos lugares onde se encontrem.
Em todos os casos, diante do cada
vez mais expressivo contingente de
brasileiros no estrangeiro, é preciso
que o país melhore sua estrutura de
apoio a essas pessoas. Não se trata
apenas dos serviços consulares, mas
também questões básicas como facilitar a remessa de dinheiro -algo
que já despertou a atenção de autoridades governamentais.
Não é demais lembrar que os brasileiros no exterior injetam por ano na
economia a nada desprezível quantia
de R$ 5,8 bilhões em moeda forte.
Fazem-no, em larga medida, através
de canais informais como amigos
em trânsito. Dar-lhes condições
mais confortáveis de ajudar aos seus
é o mínimo que o Brasil lhes deve.
Texto Anterior: Editoriais: REFORMA DA JUSTIÇA Próximo Texto: Editoriais: VIOLÊNCIA ESTUDANTIL
Índice
|