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VIOLÊNCIA ESTUDANTIL
A universidade é, por excelência, o espaço do dissenso e
da crítica. O conhecimento só se firma à medida em que passa pelo crivo
do julgamento "inter pares", que
nem sempre é amistoso. O que diferencia, então, a universidade de uma
praça de guerra é o respeito, por parte de seus integrantes, às regras básicas da civilidade, as quais começam
pela renúncia à violência.
Infelizmente, esse princípio fundamental do convívio democrático não
vem sendo respeitado por um ou
mais grupos de alunos das universidades estaduais paulistas. Há cerca
de um mês, uma chusma de baderneiros irrompeu em reunião da Congregação do Instituto de Física da
USP (Universidade de São Paulo), estabelecendo o funesto precedente.
Depois, foi a vez de a reitoria da
Unesp (Universidade Estadual Paulista), que fica em São Paulo, ser invadida por turba de estudantes.
Essa desditosa seqüência de ocupações culminou com a tomada da reitoria da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ação em que os
desordeiros obrigaram o próprio reitor a abandonar seu gabinete por um
acesso secundário.
Estudantes podem e devem contestar tudo o que lhes pareça contestável. Podem ainda promover e participar de manifestações, greves e passeatas. Não é aceitável, porém que
possam intimidar, recorrendo à força ou à ameaça de usá-la, e tomar patrimônio público, colocando sob risco documentos de importância para
a universidade.
A greve nas universidades paulistas, que constitui o pano de fundo
das ações estudantis, encontra-se
num impasse. Ao mesmo tempo em
que várias das reivindicações de professores e funcionários são justas, é
pouco razoável que se aumente o repasse dos cofres estaduais para o ensino superior público. Seria desejável
que as importantes questões levantadas pela paralisação paulista sejam
levadas ao fórum mais amplo dos
debates sobre a reforma universitária. Sem violência, espera-se.
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