São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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VIOLÊNCIA ESTUDANTIL

A universidade é, por excelência, o espaço do dissenso e da crítica. O conhecimento só se firma à medida em que passa pelo crivo do julgamento "inter pares", que nem sempre é amistoso. O que diferencia, então, a universidade de uma praça de guerra é o respeito, por parte de seus integrantes, às regras básicas da civilidade, as quais começam pela renúncia à violência.
Infelizmente, esse princípio fundamental do convívio democrático não vem sendo respeitado por um ou mais grupos de alunos das universidades estaduais paulistas. Há cerca de um mês, uma chusma de baderneiros irrompeu em reunião da Congregação do Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), estabelecendo o funesto precedente. Depois, foi a vez de a reitoria da Unesp (Universidade Estadual Paulista), que fica em São Paulo, ser invadida por turba de estudantes.
Essa desditosa seqüência de ocupações culminou com a tomada da reitoria da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ação em que os desordeiros obrigaram o próprio reitor a abandonar seu gabinete por um acesso secundário.
Estudantes podem e devem contestar tudo o que lhes pareça contestável. Podem ainda promover e participar de manifestações, greves e passeatas. Não é aceitável, porém que possam intimidar, recorrendo à força ou à ameaça de usá-la, e tomar patrimônio público, colocando sob risco documentos de importância para a universidade.
A greve nas universidades paulistas, que constitui o pano de fundo das ações estudantis, encontra-se num impasse. Ao mesmo tempo em que várias das reivindicações de professores e funcionários são justas, é pouco razoável que se aumente o repasse dos cofres estaduais para o ensino superior público. Seria desejável que as importantes questões levantadas pela paralisação paulista sejam levadas ao fórum mais amplo dos debates sobre a reforma universitária. Sem violência, espera-se.


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