 São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004 |
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PAINEL DO LEITOR Aborto "É lamentável a condenação do aborto em caso de anencefalia pronunciada pelo procurador-geral da República, senhor Claudio Fonteles ("Procurador condena aborto por anencefalia", Cotidiano, 8/7). É mais uma polêmica desnecessária. Uma vez que há a constatação médica inequívoca da inviabilidade da vida extra-uterina nesses casos, não há por que prolongar o sofrimento da mulher, obrigando-a a levar uma gravidez desse tipo até o fim. É preciso considerar também que pode haver o comprometimento da saúde mental e física dessa mulher. Espero que os outros juristas que compõem o Supremo Tribunal Federal sigam a posição do ministro Marco Aurélio de Mello e confirmem a garantia da interrupção da gravidez nesses casos, promovendo assim o pleno exercício dos direitos humanos também para as mulheres e reconhecendo a crueldade que é expô-las a sofrimento tão desumano e inútil." Regina Soares (São Paulo, SP) Poluição "O Ibirapuera é um dos símbolos de São Paulo, local de lazer da população. Descobrir quem são os poluidores do lago do parque foi um feito para a cidade ("Identificados 144 poluidores do Ibirapuera", Cotidiano, 7/7). Agora, cabe ao governo estadual e à Sabesp a punição daqueles que burlam o sistema de coleta para devolver ao lago o aspecto de limpeza. Acredito que as eleições municipais não devam ser obstáculo para isso." Amanda Martins (São paulo, SP) Pagu resgatada do lixo "Lendo o "Painel do Leitor" de 4 de julho, encontrei a carta do senhor João Baptista Scannapieco. Resolvi então responder à sua questão e às outras que ainda ficaram por esclarecer nesse lamentável episódio ("Pagu é resgatada do lixo, Ilustrada, 30/6). 1º) Os achados no lixo são realmente valiosos por se referirem à musa do modernismo, Patrícia Galvão- a Pagu. Não são, porém, absolutamente únicos, mas cópias das fotos que se encontram em minha casa à disposição dos possíveis estudiosos sérios do tema (verifiquei isso na TV Cultura, que fotografou as imagens). Nem por isso deveriam ter ido parar no lixo -e só o foram por um infeliz incidente. Feito esse esclarecimento, acredito que não se deva continuar a superdimensionar o fato, já que se trata apenas de réplicas das fotos mantidas por mim. 2º) Quanto aos documentos, perdeu-se, é verdade, a carteira de trabalho, mas permanecem em meu poder a carteira de identidade, o passaporte, sua identificação de entrada em uma das prisões- todas com suas impressões digitais, fotos e assinatura, todas extremamente importantes para um estudioso sério. 3º) Esclareço ainda que permanecem também em minha casa cartas a Oswald de Andrade, a Rudá -filho dos dois-, a Geraldo Ferraz, a seu segundo filho, Geraldo G. Ferraz, o Kiko, bem como cartas a seus inúmeros nacionais e internacionais amigos. Cartas, enfim, às mãos-cheias, assim como outros documentos: textos impressos e inéditos, marcações para peças -encenadas algumas, outras inéditas- e 12 mil livros, muitos dos quais de sua antiga biblioteca. 4º) Quero também deixar claro o constrangimento que a pressa da Unicamp e de certa parte da imprensa causou ao anunciarem um achado que nunca foi verdadeiramente perdido, já que sempre ficaram a salvo comigo as fotos originais. E gostaria de acrescentar que, como curadora da exposição de obras da artista e mãe de dois dos netos de Pagu- Alexandre e Antônio Eduardo Cintra Ferraz-, jamais colocaria no lixo fotos ou quaisquer documentos referentes a Pagu, avó de meus filhos. 5º) Quero, finalmente, agradecer ao senhor João Baptista por suas palavras e por sua preocupação em levar a mostra para São João da Boa Vista (SP), sua cidade e também a de Pagu, que, naturalmente, já estava no roteiro dessa itinerância. Aproveito para convidá-lo e a todos para uma nova montagem dessa exposição, que será acrescida das fotos "perdidas" e se realizará no CEU Butantã em 27 de setembro deste ano." Leda Rita Cintra Ferraz (São Paulo, SP) Liberação "Acerca da reportagem "Liberação de verba favorece amigo de Dirceu" (Brasil, pág. A18, 27/6), venho esclarecer alguns pontos: 1) A verba liberada não constitui nenhum favor ou benesse, pois a Norospar, em contrapartida, tem a obrigação de atender aos serviços de saúde de Umuarama e da região -que compreende vários municípios-, com a utilização das instalações, dos equipamentos e do corpo clínico do hospital São Paulo, que atendia mais de 80% de pacientes pelo SUS (Sistema Único de Saúde), como reconhece a reportagem; 2) Para prestar melhor atendimento, a Norospar necessita adquirir novos equipamentos e outros bens necessários para ministrar tratamento de saúde consentâneos com a medicina mais moderna; 3) Conheci o sr. José Dirceu quando ele viveu clandestinamente na vizinha cidade de Cruzeiro do Oeste. Dei-lhe o apoio necessário, mas nunca o sustentei, pois ele sempre teve fonte própria de renda; 4) Não tenho conhecimento do processo de tramitação de liberação de verbas públicas, pois não sou jurista nem político, mas posso assegurar que não recorri a nenhum meio ilegal ou imoral para obtenção da verba deferida; 5) Não conheço e nunca ouvi falar na pessoa de Isabel Carneiro Silva; 6) O ministro José Dirceu tem plena consciência da situação da saúde pública no Brasil e na nossa região, onde vários hospitais encerraram suas atividades diante dos altos custos de medicamentos, de material e de equipamentos e da alta carga tributária e encargos sociais; 7) O hospital São Paulo tem instalações condizentes com o atendimento que vinha prestando; 8) O projeto da Norospar foi aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde de Umuarama; 9) A amizade entre mim e José Dirceu não pode impedir que Umuarama e sua região recebam verbas públicas -desde que legais e devidamente aplicadas." José Alcindo Gil, presidente da Norospar -Associação Beneficente de Saúde do Noroeste do Paraná (Umuarama, PR) Juros e conselhos "Em matéria de conselhos para o povo, como esse acerca dos cartões de crédito, talvez só Maria Antonieta, a guilhotinada, tenha feito melhor quando aconselhou os seus famintos súditos a comer brioches." Fernando Salinas Lacorte (Rio de Janeiro, RJ) Verbas "O governo Lula mais uma vez utiliza recursos públicos para aliciar deputados federais para causas cuja justeza não consegue convencer ninguém -nem mesmo os aliados, os principais beneficiários dessa distribuição. Desde a votação da reforma da Previdência, a maior parte dos deputados federais está convencida de que o governo Lula não é um governo sério. A Folha de ontem mostrou mais uma vez o triste retrato da atividade pública no país ("TSE proíbe verbas para obras não iniciadas", Brasil, pág. A7)." Jackson Vitoriano de Ulhoa (Rio de Janeiro, RJ) Telefonia "As tarifas telefônicas fixas subiram 611,03 % em dez anos enquanto a inflação no mesmo período foi de 145,01 %. O governo criou as agências reguladoras exatamente para controlar e proteger os brasileiros. Pelo visto, o efeito está sendo contrário." Claudio Froes Peña (Porto Alegre, RS) Texto Anterior: José Carlos Aleluia: Tentativa de fraude Próximo Texto: Erramos Índice |
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