|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bons e maus sinais
A EXPANSÃO da produção industrial brasileira de abril
para maio superou as expectativas. Esperava-se algum
crescimento, mas não a expansão de 1,6% apurada pelo IBGE.
Surpreendeu positivamente o
ramo dos bens intermediários. A
produção do setor se mantinha
estagnada desde meados de
2004, sugerindo que a valorização do real estimulava a substituição de fornecedores domésticos por externos. Em maio pode
ter ocorrido o contrário: é provável que a reação do setor tenha se
devido, em parte, à queda na internalização de matérias-primas
importadas, provocada pela greve da Receita Federal.
Mais alvissareira que a inesperada reação dos intermediários
foi a expansão de máquinas e
equipamentos e de insumos da
construção civil, indicativa de
que os investimentos seguem em
alta. Dados da CNI apontam na
mesma direção: a indústria, até
maio, atendeu à crescente demanda sem elevar o seu nível de
utilização de capacidade instalada, que se manteve em torno de
81%. Esse é um patamar que não
justifica temores de que, por falta de produtos, o aumento da demanda venha a se traduzir em
pressões sobre os preços.
A nota negativa trazida pela
pesquisa do IBGE foi a constatação de que se aprofunda a perda
de dinamismo, iniciada em 2005,
dos segmentos industriais exportadores. Nos primeiros meses do ano, a produção destes
segmentos cresceu menos do
que a dos demais.
Olhando à frente, isso é preocupante, pois não há clareza
quanto ao horizonte de inflexão
da tendência de valorização do
real de modo que a perda de dinamismo das exportações pode
se agravar. Ao lado disso, há fatores que vêm impulsionando a demanda interna, como o reajuste
do salário mínimo e o aumento
do investimento público, que
tenderão à retração em 2007.
Texto Anterior: Editoriais: Sob encomenda Próximo Texto: Paris - Clóvis Rossi: Dores, nossas e deles Índice
|