São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bons e maus sinais

A EXPANSÃO da produção industrial brasileira de abril para maio superou as expectativas. Esperava-se algum crescimento, mas não a expansão de 1,6% apurada pelo IBGE.
Surpreendeu positivamente o ramo dos bens intermediários. A produção do setor se mantinha estagnada desde meados de 2004, sugerindo que a valorização do real estimulava a substituição de fornecedores domésticos por externos. Em maio pode ter ocorrido o contrário: é provável que a reação do setor tenha se devido, em parte, à queda na internalização de matérias-primas importadas, provocada pela greve da Receita Federal.
Mais alvissareira que a inesperada reação dos intermediários foi a expansão de máquinas e equipamentos e de insumos da construção civil, indicativa de que os investimentos seguem em alta. Dados da CNI apontam na mesma direção: a indústria, até maio, atendeu à crescente demanda sem elevar o seu nível de utilização de capacidade instalada, que se manteve em torno de 81%. Esse é um patamar que não justifica temores de que, por falta de produtos, o aumento da demanda venha a se traduzir em pressões sobre os preços.
A nota negativa trazida pela pesquisa do IBGE foi a constatação de que se aprofunda a perda de dinamismo, iniciada em 2005, dos segmentos industriais exportadores. Nos primeiros meses do ano, a produção destes segmentos cresceu menos do que a dos demais.
Olhando à frente, isso é preocupante, pois não há clareza quanto ao horizonte de inflexão da tendência de valorização do real de modo que a perda de dinamismo das exportações pode se agravar. Ao lado disso, há fatores que vêm impulsionando a demanda interna, como o reajuste do salário mínimo e o aumento do investimento público, que tenderão à retração em 2007.


Texto Anterior: Editoriais: Sob encomenda
Próximo Texto: Paris - Clóvis Rossi: Dores, nossas e deles
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.