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FÔLEGO PARA AGIR
É grande o alívio propiciado
pelo fechamento de um acordo
com o FMI. O alívio não se restringe
ao Brasil. Ontem foi um dia de altas
expressivas nas Bolsas de Valores do
mundo todo. Subiram sobretudo as
ações de empresas com fortes interesses no Brasil e na América Latina.
O acordo dissipou uma nuvem que
preocupava a muitos.
No entanto, é consensual que esse
acordo é apenas um paliativo -importante para permitir ao país fazer a
transição presidencial num ambiente menos turbulento, mas insuficiente para robustecer as contas externas
de maneira duradoura.
Com o empréstimo, o governo brasileiro ganhou tempo -o que era
crucial. Agora, é importante que esse
tempo seja aproveitado para acelerar
iniciativas voltadas a reforçar a capacidade exportadora do país.
Haverá quem diga que isso é tarefa
do próximo governo. Mas não há o
que justifique esperar preciosos meses para agir. O descuido com as exportações já durou demais e cobrou
um preço alto em termos de sacrifício do crescimento e do emprego.
Sem uma ação rápida e eficaz, esse
preço ainda pode aumentar.
O fundamental é agir para abreviar
o ajuste da estrutura produtiva. Sempre se podem gerar saldos comerciais contendo a demanda interna e
os salários. Mas esse é o caminho
mais penoso. Quanto menos o ajuste
externo se fundar nesses vetores, menor será seu custo social e mais fácil
será preservá-lo ao longo do tempo.
Com isso, os credores externos perceberão mais depressa que o Brasil
passou a uma trajetória sustentável.
Entre as iniciativas que caberiam
encaminhar a curto prazo estão medidas de desoneração tributária das
exportações. O Congresso poderia
apreciar rapidamente tais medidas.
Parte delas poderia entrar em vigor
em prazo breve. Ao lado disso, caberia reforçar o financiamento aos exportadores (até porque não será imediata a recomposição das linhas externas de crédito à exportação, que se
contraíram muito recentemente).
Diversas outras ações no campo
das políticas comercial, industrial e
tecnológica poderiam ser ao menos
lançadas ainda neste governo. O fôlego propiciado pelo acordo com o
Fundo precisa ser bem aproveitado.
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