São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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FÔLEGO PARA AGIR

É grande o alívio propiciado pelo fechamento de um acordo com o FMI. O alívio não se restringe ao Brasil. Ontem foi um dia de altas expressivas nas Bolsas de Valores do mundo todo. Subiram sobretudo as ações de empresas com fortes interesses no Brasil e na América Latina. O acordo dissipou uma nuvem que preocupava a muitos.
No entanto, é consensual que esse acordo é apenas um paliativo -importante para permitir ao país fazer a transição presidencial num ambiente menos turbulento, mas insuficiente para robustecer as contas externas de maneira duradoura.
Com o empréstimo, o governo brasileiro ganhou tempo -o que era crucial. Agora, é importante que esse tempo seja aproveitado para acelerar iniciativas voltadas a reforçar a capacidade exportadora do país.
Haverá quem diga que isso é tarefa do próximo governo. Mas não há o que justifique esperar preciosos meses para agir. O descuido com as exportações já durou demais e cobrou um preço alto em termos de sacrifício do crescimento e do emprego. Sem uma ação rápida e eficaz, esse preço ainda pode aumentar.
O fundamental é agir para abreviar o ajuste da estrutura produtiva. Sempre se podem gerar saldos comerciais contendo a demanda interna e os salários. Mas esse é o caminho mais penoso. Quanto menos o ajuste externo se fundar nesses vetores, menor será seu custo social e mais fácil será preservá-lo ao longo do tempo. Com isso, os credores externos perceberão mais depressa que o Brasil passou a uma trajetória sustentável.
Entre as iniciativas que caberiam encaminhar a curto prazo estão medidas de desoneração tributária das exportações. O Congresso poderia apreciar rapidamente tais medidas. Parte delas poderia entrar em vigor em prazo breve. Ao lado disso, caberia reforçar o financiamento aos exportadores (até porque não será imediata a recomposição das linhas externas de crédito à exportação, que se contraíram muito recentemente).
Diversas outras ações no campo das políticas comercial, industrial e tecnológica poderiam ser ao menos lançadas ainda neste governo. O fôlego propiciado pelo acordo com o Fundo precisa ser bem aproveitado.


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