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A ARGENTINA SANGRA
O governo norte-americano
promoveu uma mudança em
sua política de auxílio financeiro para
países emergentes. A gestão George
W. Bush rendeu-se à mesma lógica
que tanto criticara em Bill Clinton.
Com a ajuda ao Uruguai e, principalmente, com o empréstimo ao Brasil,
restou apenas um senão, trágico, para que a mudança fosse completa: a
Argentina. O sofrimento do país platino continua, por ora, a ser exibido
por Washington como um emblema
não se sabe de quê.
A passagem do secretário do Tesouro, Paul O'Neill, pela Argentina
despertou uma onda de protestos
populares contra a sua presença.
Mas não deixou a não ser uma vaga
esperança de que, quem sabe em algumas semanas, vá haver uma chance de o FMI entabular conversas mais
promissoras com Buenos Aires. Isso
em meio a repisadas mensagens para que a Argentina caminhe para
"uma idéia bastante clara acerca da
prática do Estado de Direito".
Não custa relembrar que, ao longo
da década de 1990, a Argentina foi
aclamada pela nata da tecnocracia e
da política internacional como o
"aluno exemplar", que fez a lição de
casa ultraliberal como nenhum outro fizera. Como prova do reconhecimento internacional que imperava,
em outubro de 1998 o então presidente Carlos Menem teve a honra de
entrar ao lado de Bill Clinton na cerimônia de abertura da reunião entre o
FMI e o Banco Mundial, em Washington. Era a primeira vez em muito tempo que as honrarias do evento
não eram reservadas apenas ao chefe
de Estado norte-americano.
Agora, a Argentina passa, sem estágio intermediário, a ser tratada como pária por aqueles mesmos organismos e governos que a apoiavam.
Deixar a Argentina definhar nunca
fez sentido. Mas agora, quando o
dogmatismo do início da gestão
Bush foi atropelado pelos fatos,
manter a mesma "dureza" seria apenas esquizofrênico, não implicasse a
extensão gratuita do sofrimento por
que já passa toda uma população.
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