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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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MENOS COMPULSÓRIO

Aprovada a reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara, as autoridades monetárias anunciaram a redução do nível dos depósitos que as instituições bancárias são obrigadas a fazer no Banco Central. O compulsório incide sobre o montante dos depósitos à vista, a prazo e de poupança feitos em bancos. O BC alterou de 60% para 45% a taxa para o recolhimento não-remunerado sobre depósitos à vista.
A medida, esperada desde antes da última reunião mensal do Comitê de Política Monetária (Copom), acabou postergada, mesmo contando com a simpatia do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Ao que parece, o BC preocupou-se em condicionar a redução ao êxito obtido na votação da Previdência, como a oferecer um prêmio à sociedade pelo cumprimento dos trâmites da reforma.
A recompensa é bem-vinda, uma vez que sinaliza menos aperto monetário, devolvendo ao sistema financeiro uma soma em torno de R$ 8,2 bilhões, segundo as previsões oficiais. A consequência prática da medida promete ser uma pequena redução nas taxas cobradas no crédito. Deverão ser atingidos especialmente os valores cobrados de pessoas físicas -que estão entre os mais elevados, entre outros motivos, pela pouca margem de negociação entre tomadores e bancos. No crédito para empresas, segmento com mais capacidade de barganha, os efeitos deverão ser pouco significativos.
A decisão do BC, contudo, mesmo tardia, é auspiciosa, por confirmar a tendência de afrouxamento das restrições monetárias. Preocupa, no entanto, o ritmo com que vem sendo reduzida a taxa Selic. Mesmo que possa considerar mais recomendável promover quedas graduais dos juros, o BC tem atuado de forma extremamente comedida, parecendo ignorar os enfáticos indicadores de recuo da inflação e o grave quadro de recessão instalado na indústria.
Nesse sentido, espera-se que a mudança no compulsório não seja utilizada como pretexto para evitar diminuição mais acentuada da taxa básica no próximo encontro do Copom.


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