Intriga política , corrupção, estrelas de cinema, indústria da pornografia. Esses elementos, que poderiam fazer parte de um roteiro de filme de Hollywood, são os ingredientes de uma inédita crise política na Califórnia, que poderá levar o ator Arnold Schwarzenegger a governar o mais rico Estado norte-americano.
A candidatura do "exterminador do futuro" foi anunciada na quarta-feira, num programa de TV. Com isso, a crise californiana motivada pela possibilidade de o atual governador ser deposto em plebiscito, ganhou dimensão internacional. O caso, que já transformara a Califórnia em motivo de piada nos EUA, volta a expor para o mundo as dificuldades dos norte-americanos com eleições.
Há, na legislação californiana, um mecanismo, instituído em 1911, segundo o qual se pode convocar um plebiscito para decidir sobre a permanência do governador desde que se obtenham assinaturas equivalentes a 12% dos eleitores do Estado.
O atual governador, o democrata Gray Davis, reeleito há menos de dez meses, caiu em desgraça por ter escondido dos eleitores um déficit público de US$ 38 bilhões, depois de o Estado ter passado por grave crise energética. Um milionário republicano aproveitou a oportunidade e financiou uma campanha de coleta de assinaturas pelo "recall". Conquistou 1,3 milhão de eleitores.
Em outubro os californianos voltam às urnas. Da mesma cédula em que os eleitores selarão o destino de Davis constarão os nomes dos candidatos a substituí-lo. Para ser incluído na cédula, basta apresentar 65 assinaturas de apoio e pagar US$ 3.500. Fala-se em até 500 concorrentes. A atomização reforça as chances dos mais conhecidos: além de Schwarzenegger, o pornógrafo Larry Flint, da revista "Hustler", deve apresentar-se.
Até o momento, possíveis candidatos democratas vinham, por respeito a Davis, relutando em concorrer. O lançamento do nome de Schwarzenegger, porém, precipitou a campanha. Jornais liberais já pedem em editoriais que apareçam candidatos "votáveis". A preocupação procede. Um outro ator de Hollywood já postulou o cargo de governador da Califórnia e foi tratado como piada. No entanto venceu. Era Ronald Reagan.


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