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VINICIUS TORRES FREIRE
A elite e as denúncias
SÃO PAULO - Ministros de Lula admitem que sabiam de parte dos papéis que, digamos, embaraçam algumas das autoridades e incomodam
parte da elite do país. Sabiam, em
parte, antes mesmo de os jornalistas
os divulgarem. Admitem que o governo não tem controle nem conhecimento sobre todos os papéis e CDs
voadores da CPI do Banestado, muito menos sobre o alcance dessas informações, que demandam investigações trabalhosas para terem sentido e uso político mais forte.
Apesar da semana barulhenta que
vai se abrir no Congresso, nem tudo
neste momento de espuma de denúncias é ruim para o governo. Por ora,
muito cacique do PSDB e até do PFL
está quieto. Muitos deles não querem
ver a economia ou a política econômica de Antonio Palocci estremecida
a troco de quase nada, mesmo que esse nada derrube o presidente do BC.
Quem faz barulho, por ora, são os líderes boquirrotos de sempre.
Entre os mandarins do dinheiro e
da opinião do mercado, há um consenso de que nada pode abalar Palocci, ainda que ao preço da cabeça de
Henrique Meirelles. É verdade que os
banqueiros estão irritadíssimos com
o vazamento dos seus dados bancários. Ainda que não exista nada de
ilegal lá, como sustentam, não querem ver nos jornais andanças de centenas de milhões de dólares pelas
contas CC5. Problema, avaliam, é
achar economista ou banqueiro de
peso com vontade de assumir o prejuízo financeiro e a chateação política de ir para o Banco Central.
É claro que a oposição deixará seus
escudeiros bater no governo por um
tempo, tirar alguma casca dessa espuma de crise. Ficou complicada a
aprovação de projetos do governo
nesses últimos dias antes de o Congresso fechar para a campanha eleitoral. Mas a elite está de olho na normalidade econômica e no fato de que
em breve a recuperação razoável da
economia vai chegar ao povo miúdo,
o que aumenta o cacife de Lula. Se
não aparecer algum papel de CPI
muito cabeludo, o governo está à beira de surfar na espuma da crise.
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