São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Banco Central
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que "desemprego é desgraça". Ele só não diz como essa desgraça é produzida, quem são os responsáveis. Desgraça é observar a metamorfose que sofreu Luiz Inácio. Hoje ele denomina de "denuncismo" o trabalho da imprensa. Não é grave o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, enviar dinheiro para doleiros sob investigação? E o presidente ainda pede paciência. Será que a urucubaca pegou o povo brasileiro?"
Felipe Luiz Gomes e Silva (São Carlos, SP)
 

"Se algo há de ridículo são as explicações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Ele tem de prestar explicações, sim, e tantas quantas solicitadas, por ocupar cargo público: sua lisura é essencial para se manter no mesmo."
Ana Lúcia Amaral (São Paulo, SP)

Censura
"O regime de força (ou aquele que pretende sê-lo) precisa calar os que podem criticá-lo, confrontá-lo ou punir seus favoritos. A história mostra que primeiramente se avança sobre a imprensa e, a seguir, sobre o Judiciário. Com relação ao Judiciário, um bom começo é o controle externo, agregado ao impedimento de investigações pelo Ministério Público, mais a "Lei da Mordaça". Para a imprensa, o bom começo é o projeto que o governo acabou de mandar ao Congresso Nacional propondo a criação do "Conselho Federal de Jornalismo". Como se percebe, apenas inverteu-se aqui a ordem de ataque, primeiro sobre o Judiciário independente e, a seguir, sobre a imprensa livre. Vamos ver se finalmente a imprensa começa a perceber que, para ser livre, necessita de um Judiciário independente."
Manoel Justino Bezerra Filho, juiz do 1º Tribunal de Alçada de SP (São Paulo, SP)
 

"Por que engenheiros, contabilistas, médicos podem ter conselhos nacionais disciplinando essas categorias, e jornalistas não? Os meios de comunicação são importantes para a democracia, não há duvida, mas não estão acima de qualquer suspeita. Nenhuma categoria ou segmento da sociedade detém liberdade absoluta. Todos têm regras e limites."
Antonio Negrão de Sá (Rio de Janeiro, RJ)

Venezuela
"Fiquei indignado com o envio da delegação petista de apoio ao Chávez, na Venezuela. Quando da recente visita de Lula a Cuba, sua recusa em aludir à situação dos direitos humanos naquele país mereceu do governo brasileiro a alegação de não-interferência nos assuntos políticos locais. Mas o argumento parece não valer quando se trata de interferir na política local venezuelana. Esse uso de dois pesos e duas medidas mostra como os adolescentes stalinistas da nossa política estão beirando o cinismo. Nessas horas, sinto vergonha de ser de esquerda."
João Silvério Trevisan, escritor e roteirista (São Paulo, SP)

Debates na TV
"Eu me pergunto qual é o serviço prestado por canais de televisão que promovem debates políticos. Considerando que qualquer criança do ensino primário sabe que os candidatos dirão somente aquilo que seus marqueteiros (conhecedores do que a população quer ouvir) mandarem e considerando que todos os candidatos, sem exceção, mentem despudoradamente, acho que seria mais divertido e sobretudo menos patético passarem desenhos do Tom & Jerry."
Roberto Silva Costa, prof. titular do Depto. de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Ribeirão Preto, SP)

Haiti
"Enviar nossa seleção de futebol ao Haiti é uma jogada política tão rasteira que só mesmo a irresponsabilidade dos nossos políticos para fazer o presidente Lula ir até uma zona conflagrada, como se ele nada tivesse o que fazer aqui, onde temos "Haitis" de sobra. Naquela região há uma mixórdia tão grande que nossa tropa ali estacionada não poderá em momento algum garantir segurança total ao presidente. Se algum rebelde doido, em busca de projeção para seu exército, quiser acertar uma "bazucada" no presidente da República, os esquemas montados não impedirão que isso aconteça."
Laércio Zanini (Garça, SP)

Mundo cão
"Se a notícia for verdadeira ("Governo fecha o cerco contra "mundo cão'", Ilustrada, 6/8), começa aparecer uma luz no fim do túnel. Os programas referidos e outros do mesmo gênero deveriam ser exibidos não após as 20h, mas após as 23h, no mínimo, pois não acrescentam absolutamente nada à formação da cidadania de nosso povo. Deveriam ser incluídas após esse horário também as novelas, que além de oferecerem constantes exemplos de como destruir um lar ainda se dão ao luxo de exibir sexo explícito em pleno horário dito nobre. Mas será que o governo vai realmente bater firme nesse cancro tão em evidência em nossas TVs? Eu prefiro ficar com a iniciativa da TV Record, que concluiu pela inutilidade de seu "Cidade Alerta"."
Irineu Del Dotore (São Paulo, SP)

Greve na USP
"É triste e deixa-nos indignados que alguns servidores públicos, por nós (contribuintes) remunerados, fiquem 60 dias parados, pratiquem violência, depredem nosso patrimônio público e arrogantemente contestem o excelente artigo "Universidade e Democracia" (Opinião, 5/8), como fez Cristiane M.C. Gottschalk, do Depto. de Filosofia da Educação da USP. Saiba a doutora que, no setor privado, seríamos demitidos por justa causa. Que sociedade é esta, de privilegiados que nós pagamos e que ainda se intitulam educadores? Ensinam a anarquia? É democrático fechar a USP, invadir prédios, praticar violência? Por que a maioria da sociedade, ordeira, trabalhadora, não tem o mesmo direito? Que Constituição a ampara? No dia em que resolvermos não mais pagar impostos e praticar a anarquia que esses educadores nos ensinam, quem vai pagar seus salários?"
Antonio Carlos Neves (São Paulo, SP)

Eleições
"Não se deve menosprezar a importância das próximas eleições municipais. É ilusória a pretensão de se desvincular o pleito do jogo político nacional. A vitória de Serra, inevitavelmente, significará a derrota de Lula. Isto porque a Constituição consagrou o município como entidade federativa importantíssima, garantindo-lhe plena autonomia. Tratando-se de São Paulo, a maior cidade do país, as próximas eleições terão, sim, caráter plebiscitário indiscutível. Não é à toa que nossa atual prefeita aposta todas as suas fichas, usando a máquina despudoradamente, uma vez que seus advogados sabem que ela possui foro privilegiado: "Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba". É o estilo PT de governar!"
Sérgio Araújo Caldas (São Paulo, SP)
 

"Marta Suplicy é de tradicional família paulistana, mas nunca se prevaleceu disso. Ao contrário, apoiou um partido de operários, migrantes e imigrantes. É bela, culta, fala várias línguas, fez doutorado em universidade de renome, tem vários livros importantes publicados, inclusive no exterior, trabalhou na televisão, tem talento, lucidez, é honesta e sabe peitar o machismo retrógrado de peruas, reacionários, corruptos e ladrões. Fez a melhor gestão em 50 anos de São Paulo (é melhor pagar suas taxas sociais e vermos os canteiros de obras do que pagarmos o mico dos tucanos que levaram a educação e a segurança pública à falência). Que orgulho para quem votou nela, não em quem rouba e diz que faz."
Silas Corrêa Leite (São Paulo, SP)

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