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EDITORIAIS
SAINDO DO EIXO
Incluída pelo presidente George W. Bush no que ele acredita
ser o eixo do mal, a Coréia do Norte
é, numa descrição mais precisa, a
mais fechada ditadura comunista remanescente no planeta. A situação
econômica do país, contudo, é tão
desesperadora -segundo alguns
cálculos, 2 milhões de norte-coreanos (cerca de 10% da população)
morreram de causas relacionadas à
desnutrição entre 1995 e 1998- que
Pyongyang ensaia alguma abertura.
Este mês de setembro promete ser
crucial para testar as reais intenções
do líder Kim Jong-Il. No dia 17, a Coréia do Norte deve receber a inédita
visita de Junichiro Koizumi, o primeiro-ministro do Japão. Os dois
países não mantêm relações diplomáticas, e Pyongyang exige de Tóquio uma indenização de US$ 10 bilhões pelo período em que tropas japonesas ocuparam a península coreana no século passado.
Mais importante que essa visita para "quebrar o gelo" do premiê japonês é o plano das autoridades norte-coreanas de religar a linha férrea que
une o país à Coréia do Sul, fechada
desde 1953. De início, a ferrovia servirá para levar ao Norte 400 mil toneladas de arroz fornecidas pelo Sul. Mas
a ferrovia poderá, no futuro, servir
para escoar a produção agrícola da
Coréia do Norte.
Kim Jong-Il, depois de conversas
com líderes chineses, anunciou em
julho uma nova "política agrícola",
que permitirá a fazendeiros vender
pequenos excedentes de produção.
Por fim, no dia 29, a Coréia do Norte
deverá participar, pela primeira vez,
dos Jogos Olímpicos Asiáticos, que
ocorrem na Coréia do Sul. Trata-se
de pequeno, mas não desprezível,
passo rumo a nova inserção mundial.
A Coréia do Norte, movida pela necessidade, já vinha ensaiando uma
lenta abertura. O 11 de setembro, porém, e a dura reação norte-americana que se seguiu frustraram esses esforços. Resta esperar que Bush resista ao ímpeto de "acabar com o mal
no planeta" e permita que a Coréia
do Norte encontre seu caminho.
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