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VINICIUS TORRES FREIRE
11 de setembro foi ontem
SÃO PAULO - Balanços históricos sempre me lembram a velha piada
sobre o senso de perspectiva histórica
da antiquíssima civilização chinesa.
Perguntaram uma vez a Mao Tse-tung o que ele pensava da Revolução
Francesa. O ditador comunista chinês respondeu que havia se passado
pouco tempo (mais de um século e
meio), que era cedo para avaliá-la.
Jornalistas e chineses -ou pelo menos jornalistas e Mao Tse-tung- observam a história de maneira inversa. Minutos depois de qualquer acontecimento, a queda do dólar ou das
torres gêmeas, começamos a "repercutir", a procurar o sentido e os desdobramentos do que nos parecem fatos importantes.
Já é possível ter uma idéia do que (e
se) mudou depois dos atentados de
Osama bin Laden? 11 de setembro
mudou o mundo, os EUA ou o governo do indizível George "Baby" Bush?
Por ora, parece só que Bin Laden deu
um sentido para a vida e à presidência de Bush. Um governo antes talhado só para arrumar a vida de empresas e de ricos, agora se diz disposto a
tornar o mundo "mais seguro", de
modo aleatório e inepto. Mas, pós-Bush, os EUA vão continuar na mesma trilha?
É verdade que os EUA e os europeus
se têm estranhado. Mas trata-se de
uma mudança de perspectiva devido
ao fato de a Europa estar à beira de se
tornar uma federação de verdade,
com Constituição própria e interesses
federativos específicos, de segurança
inclusive? Ou porque a Alemanha,
devido a uma disputa eleitoral, pela
primeira vez tenta peitar os EUA desde 1945? Mas a França, sempre mais
anti-americana, ainda estuda o
apoio a uma guerra no Iraque.
O mundo está a confusão de sempre, piorada após o fim da União Soviética. Alguns comentaristas, este inclusive, tiveram a ilusão idiota de que
Bush colocaria ordem em cenários de
massacres horríveis, como na Palestina. Mas Bush parece apenas lutar desordenadamente mais uma batalha
da guerra islâmica que começou no
Irã, em 1979. Pode botar fogo no
Oriente Médio. Mas pode apenas depor Sadam e o mundo seguir o seu
caminho de horrores habituais. É
muito cedo para saber.
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