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São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

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COMEÇAR DE NOVO

Menos mal que a renúncia do premiê palestino Mahmoud Abbas não tenha representado o cravo que faltava no caixão do plano de paz para o conflito israelo-palestino. A situação política na região, porém, segue terrivelmente grave, e não há razões para nutrir muito otimismo quanto ao futuro.
O virtual sucessor de Abbas, Ahmed Korei, parece ser uma boa escolha, mas terá uma dura missão pela frente se de fato assumir o posto, como tudo indica que fará. Diferentemente de Abbas, Korei é um político experiente. Além disso tem algum trânsito com autoridades israelenses. Foi o responsável, no lado palestino, pelas negociações secretas que resultaram nos acordos de paz de Oslo, em 1993. Vinha atuando como presidente do Parlamento palestino.
O problema não está nas qualidades do premiê, mas no grau de deterioração das relações. Korei "começa" a sua gestão exigindo, para aceitar o cargo, que os EUA ofereçam garantias de que se empenharão em fazer Israel cumprir sua parte.
Na realidade, os dois lados precisariam mudar suas atitudes. Israel, em primeiro lugar, deveria procurar reforçar a autoridade do premiê palestino, e não miná-la. Isso requer, por exemplo, que o governo renuncie a revidar automaticamente a todos os ataques. É necessário dar aos palestinos a ocasião e os meios de conter seus radicais. Israel também precisará mostrar-se disposto a se retirar dos territórios ocupados e a desmantelar os assentamentos nessas áreas.
Os palestinos, por sua vez, têm de demonstrar que são capazes de oferecer segurança a Israel. No início, será preciso estabelecer algum acordo com os grupos extremistas, mas, à medida que a autoridade do governo palestino se fortalecer, as organizações terroristas e a cultura da violência terão de ser desmanteladas.
Infelizmente, nenhum lado parece disposto a dar os primeiros passos. Enquanto isso a guerra continua.


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