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ELIANE CANTANHÊDE
De homem para homem
BRASÍLIA - Afinal, quem é o candidato do governo? Lula ou Dilma?
Por que ele é quem tem de bater
boca com o candidato da oposição
no horário eleitoral? Para falar de
homem para homem?
Não fica bem, principalmente se
Lula já começa a transferir para Dilma aquela lenga-lenga do preconceito. Quem discorda tem preconceito porque ele "é operário" (?!).
Quem continuar discordando terá
preconceito porque ela é mulher.
Serra é acusado de estar se "vitimizando" com a história da quebra
dos sigilos, mas nisso pode dar as
mãos a Lula, campeão da vitimização. Sempre que a barra pesa, lá
vem essa história do perseguido pelas elites e pela direita, enquanto os
banqueiros enchem as burras da
campanha da sua candidata.
O que interessa são os fatos, mais
do que o uso eleitoral que Serra tente fazer e do qual Lula tente escapar. Os fatos são, até agora, lineares: usaram a Receita para quebrar
o sigilo do secretário-geral do PSDB
e da filha, do genro e do amigo de
Serra. Por "coincidência", sempre
havia um petista de carteirinha por
trás, e os dados circularam pela
pré-campanha de Dilma.
Em vez de agir como candidato,
Lula deveria ser firme como presidente para salvaguardar o tão decantado "Estado democrático de
Direito". Há um círculo interessante a ser investigado. Se é que alguém quer mesmo a investigação.
Ontem, em Uberlândia (MG), Lula fez uma provocação barata aos
EUA, comparando a potência a um
elefante bobão e o Brasil a um ratinho esperto: "Um elefante é daquele tamanhão, a tromba dele vale
uns dez ratos, mas coloca um ratinho perto de um elefante para ver
como o bicho tem medo e se borra
todo", disse o presidente (ou seria o
candidato?) sobre as batalhas que o
Itamaraty enfrentou na OMC.
Aqui dentro, porém, a comparação é outra. Se o elefante Estado
mete a sua pata onipresente nos milhões de ratinhos chamados de cidadãos, borram-se todos.
elianec@uol.com.br
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