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CARLOS HEITOR CONY
Presidenta "Ad hoc"
RIO DE JANEIRO - Não creio que o
episódio do vazamento na Receita
Federal tenha influência decisiva
na campanha eleitoral. Ele mostra
apenas o que todos sabemos: o PT,
não como instituição, mas com certa militância que sempre abrigou,
costuma apelar para investigações
ilegais que comprometam os seus
adversários.
Foi assim no caso de Collor/PC
Farias: funcionários petistas de
bancos e instituições financeiras
forneceram à mídia uma enxurrada
de dados que afinal levaram ao impeachment do presidente.
No caso atual, a violação do sigilo fiscal da filha de Serra, pelo menos no que até agora tem sido revelado, não comprometerá fundamente a candidatura de Dilma,
nem mesmo a cúpula de sua campanha. Evidente que as pesquisas
cedo mostrarão os possíveis estragos em sua caminhada, mas não a
ponto de destroçá-la.
Os petistas envolvidos neste crime choveram no molhado. Serra
tem uma imagem pública invejável, suas mãos estão limpas de sangue e dinheiro, conhecemos seu
passado e, votando ou não votando
nele, sabemos que é um homem
honrado, acima de qualquer
suspeita.
Não será por aí que a campanha
de Dilma desmoronará. Ela continuará na liderança das intenções
de voto, não pelos seus méritos políticos ou administrativos, mas pelo
formidável patrono de sua indicação. Do jeito como as coisas estão,
pela impossibilidade constitucional do terceiro mandato de Lula,
ela será uma presidenta "ad hoc"
-o que não impede que seja uma
boa mandatária.
Até que surja um fato realmente
novo, a eleição de outubro parece
decidida. Os dois principais candidatos têm origem comum na esquerda, são competentes e seus
programas parecem bons, embora
redundantes e, para rimar, um pouco mirabolantes.
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