São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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ATAQUE MORTÍFERO

O ataque israelense à faixa de Gaza que deixou pelos menos 15 palestinos mortos e mais de cem feridos seria, por si só, um fato grave, que exigiria investigações. Nenhum Estado responsável, mesmo numa situação de guerra, pode disparar um míssil contra um grupo de supostos terroristas em áreas densamente povoadas por civis. Mas o premiê de Israel, Ariel Sharon, conseguiu extrapolar quando qualificou a ação como sucesso e afirmou que pretende continuar com esse tipo de incursão.
Não se pretende contestar o direito de Israel de defender-se dos ataques terroristas. É preciso reconhecer que Israel tem o direito de levar seus soldados até as cidades palestinas, pois é nelas que os militantes dos grupos terroristas se escondem, misturando-se à população civil. É exatamente por isso que as tropas israelenses precisam mostrar uma contenção exemplar. A menos que queiram igualar-se aos terroristas que caçam, devem evitar ao máximo as ações que possam provocar baixas civis.
Por maiores que tenham sido os avanços na tecnologia bélica, é absolutamente insensato lançar um míssil contra áreas povoadas por civis, mesmo que o alvo primário do ataque fosse um grupo de militantes do grupo extremista Hamas. É quase inevitável que uma investida desse gênero provoque baixas entre inocentes, inclusive crianças.
E Ariel Sharon, ao louvar esse tipo de ação, provoca para a imagem dos israelenses um dano considerável. Quando Sharon chama de sucesso uma operação tão mortífera, parece agir deliberadamente de modo a tornar impossível a retomada das conversações de paz.


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