São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

As alianças do PT

BRASÍLIA - Há uma dúvida no ar sobre o efeito das alianças heterodoxas que o PT faz. Possivelmente terão efeito nenhum para a imagem do partido. Desde 2002 os petistas se agarraram à direita e ao centro para serem aceitos no "establishment". Agora repetem a dose.
O PT é hoje um partido de centro com coloração de esquerda. Assim como o PSDB também está no centro, mas com uma tintura mais conservadora em algumas localidades. A política macroeconômica de ambos é idêntica no plano federal.
O PP de Maluf, apoiando Marta Suplicy, e Lula afagando Cesar Maia no Palácio do Planalto são fatos que chocam alguns mais puros pela visibilidade que esses eventos ganham nesta fase eleitoral. O PP já é fiel a Lula faz tempo. O prefeito do Rio havia declarado no passado que se considera muito bem tratado pela administração petista.
O que menos importa é se a imagem do PT será ou não abalada pelas alianças eleitorais. A incógnita fica por conta do período pós-eleição em Brasília, dentro do Congresso. Lula dedicou-se nos últimos tempos a construir uma base mais sólida e confiável no Senado. Terá de recomeçar o trabalho e ampliá-lo também para a Câmara.
Se quiser avançar com alguma reforma relevante, o presidente terá de curar dezenas de feridas abertas por causa das disputas nas cidades.
A única língua compreendida pela maioria dos congressistas é liberação de verbas do Orçamento. A frase que essa turma quer ouvir é assim: "Você perdeu a eleição, mas o dinheiro daquela ponte será liberado na semana que vem". Muitos já colocaram pressão no presidente da Câmara, João Paulo Cunha, nesta semana, num café da manhã. Para consumo externo, discutiram reforma política. Não é fato. O tema central foi verbas.
Para sorte de Lula, há pouca demanda urgente no Congresso. O presidente já se adaptou e governa por meio de MPs, sem cerimônia.
A festa só acabará no ano que vem. Mas aí é outra história.


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