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A LEI, ORA, A LEI
Os senadores não se deram por rogados. Aprovaram o projeto de lei
que dá anistia geral de multas eleitorais aplicadas nos pleitos de 96 e 98,
que seus colegas deputados federais
haviam avalizado pouco antes.
Trata-se de um caso de espírito solidário expansivo. Primeiro, pensou-se
em anistiar os eleitores que não compareceram às urnas e não justificaram a ausência; depois, os candidatos multados pela Justiça que não foram eleitos entraram no time dos
anistiados; em seguida, o cúmulo da
solidariedade, mesmo aos eleitos
multados foi estendido o perdão.
Os deputados e senadores legislaram em causa própria. Perdoaram
multas que recaíam sobre membros
do próprio Parlamento. Mais, fizeram chacota da seriedade e da validade das regras eleitorais ali mesmo, no
Legislativo, discutidas e aprovadas.
Desprezaram o trabalho e a autoridade dos membros do Judiciário que
aplicaram as punições. Juntaram
mais uma peça ao vasto anedotário
de casuísmos em que se transformaram muitas leis eleitorais.
De resto, o que talvez seja a mais lamentável lição passada pelos parlamentares nesse caso, veio de cima o
exemplo de que o desrespeito às leis é
atitude em que se dá um jeito, caso os
sujeitos à pena sejam uma corporação poderosa. A lei? Ora, a lei.
Vetar esse trem da impunidade poderá causar problemas políticos ao
governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas, tratando-se de tal disparate, o cidadão espera uma atitude
corajosa do presidente.
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