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GREVES E PERUAS
O transporte coletivo na cidade de
São Paulo degenera em confusão e
informalidade. Aumenta a oferta de
serviços clandestinos, que pioram o
trânsito e desorganizam o que restou
do pouco planejamento que havia.
Falta coordenação entre ônibus,
trens e metrô. Perueiros se multiplicam, assim como greves de motoristas e cobradores, toleradas alegremente pelos empresários de frotas.
A paralisação, ontem e anteontem,
de motoristas e cobradores de empresas de ônibus que atrasaram o 13º
salário é apenas uma das manifestações desses graves problemas.
Empresas de ônibus dizem que não
conseguem arcar com as obrigações
trabalhistas porque a prefeitura, endividada, não lhes repassa o subsídio
(diferença entre o custo do sistema e
a arrecadação na catraca), o que provoca as paralisações.
As peruas, meio de transporte que
os paulistanos preferem aos ônibus,
agravam a confusão no planejamento do trânsito. A frota paulistana de
ônibus é da ordem de 10 mil veículos.
A lei prevê que possam circular até
4.100 lotações. A fim de evitar que o
mercado de transporte se torne selvagem e para que se evitem ainda maiores congestionamentos, é preciso limitar o número de peruas em circulação, uma vez que cada uma transporta muito menos passageiros que um
ônibus. No entanto, consta haver cerca de 9.000 peruas clandestinas.
Dadas tais distorções, diante dos
interesses conflitantes que têm promovido badernas na cidade entre perueiros e empresas de ônibus, o que
tem feito a prefeitura? Cumpre seu
papel de regular e planejar o sistema
de transportes a longo prazo?
Não. Está, como de costume, embrenhada nessa batalha de interesses. Deixa agir os perueiros clandestinos -até porque são um trunfo na
negociação com os empresários de
ônibus-, propõe um sistema de
ônibus "auto-suficiente" que deve diminuir o atendimento na periferia da
cidade. Com essa orientação, pagarão mais os mais pobres. Pagará caro
a cidade, onde a cada dia aumenta o
grau de descontrole e de desconforto
de seu sistema de transportes.
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